Temas de fundo |
1ª leitura (Jr 1,4-5.17-19): A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: «Antes de te ter formado no seio materno, Eu já te conhecia. Antes de saíres do seio da tua mãe, consagrei-te e constituí-te profeta das nações. Tu agora cinge os teus rins, levanta-te e diz-lhes tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles; se não, serei Eu a fazer-te temer na sua presença. Eis que hoje faço de ti como cidade fortificada, como coluna de ferro e muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus chefes, dos sacerdotes e do povo da terra. Far-te-ão guerra, mas não hão-de vencer, porque Eu estou contigo para te salvar».
* Consagrei-te para seres profeta. Este é o relato quase dramátiaco da chamada/vocação de Jeremias, destinado a ser profeta das nações. Estando familiarizados com o que foi a vida deste profeta - e isso não é difícil, porque é um dado certo que o livro é um dos que contém mais notas autobiográficas - então sabemos que Jeremias, para além do seu carácter introverso e extremamente sensível, teve uma vida cheia de dificuldades, contrariedades e até perseguições. No seu caso, foi, de facto, muito complicado ser fiel ao chamamento recebido, porque ele sentia que era uma vocação que não lhe dizia respeito. Mas o certo é que, não obstante os obstáculos que teve que ultrapassar e inclusivamente as frequentes recusas a esse chamamento, Deus nunca o abandonou. Mas é também um facto que o chamamento - qualquer chamamento - não é nada de adquirido de uma vez para sempre. É algo, isso sim, a que tem que se responder todos os dias, a todo o momento. E a verdade é que, apesar de todos os protestos e lamentações, Jeremias acabou sempre por levar avante tudo aquilo que tinha a fazer, mesmo que isso fosse contra o seu feitio e a sua timidez. Enfim, a vocação de Jeremias é uma vocação toda especial. Bem, mas qualquer vocação de cada um de nós é especial. Está tudo previsto na mente de Deus, embora, como criaturas capazes de liberdade, possamos recusar ouvir o seu chamamento. Quando então, por mero capricho, nos arrogamos o direito de negar a outros a possibilidade de responderem a esse chamamento, a questão é muito grave e dela devemos dar conta.
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2ª leitura (1Cor 12,31-13,13): Mesmo que tenha a capacidade de falar as línguas dos homens e até as dos anjos, se não tiver amor, as minhas palavras não serão senão como um sino rachado ou um címbalo desafinado. Mesmo que tenha o dom da profecia, do conhecimento e da compreensão de todos os segredos da ciência; mesmo que tenha a fé necessária para mover montanhas, se não tiver amor, não sou nada. Mesmo que dê tudo o que tenho em esmola e até o meu corpo às chamas, se não tiver amor, isso de nada me aproveita. O amor é paciente e prestável; não é ciumento nem orgulhoso; o amor não é mal humorado nem interesseiro nem irritadiço; o amor não fica contente com o mal, mas sim com a verdade. O amor tudo desculpa e a sua fé, esperança e paciência nunca falham. O amor é eterno. As profecias são temporárias, o dom de falar línguas estranhas passará e os dons de profetizar e interpretar mensagens inspiradas são apenas parciais. Mas, quando chegar o que é perfeito, então o que é imperfeito acabará. Quando eu era criança, falava, sentia e pensava como criança. Mas agora, que sou um homem feito, já não procedo como criança. O que vemos agora é como uma imagem confusa reflectida num espelho, mas depois veremos tudo face a face. O que eu sei agora é apenas parcial. Mas, depois, será completo, como completo é o conhecimento que Deus tem de mim. Entretanto, as únicas coisas que ficam são a fé, a esperança e o amor. Mas o maior de todos é o amor.
* Mas, de todas as virtudes, a maior é o amor. Depois de ter falado aos cristãos de Corinto dos carismas e da sua finalidade (cf. 2ª leitura do domingo passado), Paulo continua a sua reflexão fazendo uma proposta ainda melhor. É exatamente isso que temos na leitura de hoje: o caminho e prática do ágape ( =é uma das diversas palavras gregas para traduzir o conceito de amor). Ágape, em termos cristãos, é traduzido por amor e caridade. Mas, no caso presente, o amor não se identifica nem se confude, de maneira nenhuma, com a simples passionalidade; nem tão-pouco com filía, que indica sobretudo o amor entre parentes e amigos e que, com frequência, se caracteriza por ser um sentimento exclusivo. Ora, supostamente, o amor cristão é um amor não exclusivo; é o amor que, a exemplo do de Cristo, vai ao ponto de incluir até os próprios inimigos no objeto do amor; ou seja, trata-se do amor que está disposto a dar até a vida por quem se ama. Façamos, portanto, o exercício de ler o texto acima com calma e atenção e vejamos até que ponto, mesmo os que se dizem cristãos têm muitas dúvidas em pôr em prática um amor semelhante. Mas não reste qualquer dúvida de que o amor cristão é muito mais do que o simples «gostar de». A simpatia, o «gostar de» é outra coisas. Não é que «gostar de» seja reprovável; só que são conceitos que, mesmo que estejam relacionados, não são a mesma coisa.
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Evangelho Lc 4,21-30): Todos (na sinagoga) ficaram muito impressionados com Jesus e com as palavras que Ele proferiu: «Mas não é Ele o filho do carpinteiro?». Então Ele respondeu: «Tenho a certeza que me citareis o provérbio: "Médico, cura-te a ti mesmo!". Dir-me-eis também para fazer aqui, na minha terra, as mesmas coisas que soubestes que foram feitas em Cafarnaum. Pois bem, digo-vos uma coisa: "Um profeta nunca é bem recebido na sua terra". Ouvi-me! É um facto que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando não choveu durante três anos e meio e houve uma fome terrível em toda a região, mas ele não foi enviado a mais ninguém em Israel senão a uma viúva que vivia em Sarepta, no território de Sídon. E havia muita gente que sofria de lepra em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi curado a não ser Naaman, o sírio». Quando as pessoas na sinagoga ouviram isto, ficaram todas zangadas. Então, levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-no para o cimo dum monte. Era intenção deles lançarem-no dali abaixo, mas Ele passou por meio da multidão e foi-se embora.
* Ter que dizer o que as pessoas não gostam de ouvir. Este trecho evangélico é a continuação do texto do domingo anterior. Ao encontrar-se com Jesus, os presentes começam por se admirar da maneira como Jesus é capaz de atrair a atenção das pessoas. Tanto que, inclusivamente, não põem obstáculos em louvá-lo e em atribir-lhe honras. Mas, a partir do momento em que, como se costuma dizer, Ele deixa de ser «politicamente correto», por lançar em rosto às pessoas as próprias responsabilidades, as coisas, de repente, precipitam-se. Na sinagoga de Nazaré, as coisas chegam a tal ponto que O expulsam e O levam para um monte para o lançarem dali abaixo; com a finalidade do se virem livres dele de uma vez para sempre. É certo que a cena na Sinagoga de Nazaré poderá ter durado várias horas - pois não havia mais nenhum outro «entretenimento» na altura. Mas este não é o único caso em que Jesus é rejeitado. Dito doutro modo, sempre que Ele não diz às pessoas aquilo que elas gostam de ouvir, a sua mensagem é rejeitada; dum modo particular pelos que, crendo-se no direito de receber a amizade de Deus pela «obra apresentada», se sentem injustiçados pela maneira livre como Jesus se apresenta. Pois é! Vida difícil a dos profetas daqueles tempos! E a dos profetas de todos os tempos! A missão do profeta não pode depender das modas e dos humores seja de quem for, e muito menos daqueles que julgam que se podem substituir ao próprio Deus para determinar o que é o bem e o que é o mal.
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UM PROFETA NÃO É BEM RECEBIDO NA SUA TERRA.
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* Profeta – um homem contracorrente
A primeira leitura de hoje fala explicitamente da vocação dum dos profetas mais emblemáticos de toda a Bíblia: Jeremias. De certa forma, pode-se dizer que Jeremias é o profeta que mais se assemelha a nós. Mas não é só a primeira leitura que fala de profetismo. Pode-se dizer que também as outras duas leituras, à sua maneira, falam de profetismo. A leitura extraída da primeira Carta aos Coríntios é o chamado «hino ao amor ou caridade» (e disso teremos ocasião de falar em outras ocasiões, porque o tema vai voltar) mas, no fundo, também isso se insere da missão de ser profeta.
Sendo assim, por exemplo, o profetismo merece um aprofundamento cuidadoso. Pelo menos para ultrapassar os muitos preconceitos que sobre o assunto grassam por aí. Está muito espalhada, entre os fiéis, a convicção de que o profeta é, antes de mais, um homem estranho, talvez um pouco louco, que adivinha o futuro. Que, por vezes, ele seja um homem estranho e que, por coincidência, até preveja o futuro (quase sempre sem o saber), pode acontecer, mas a isso eu chamaria sobretudo ter a capacidade ler os sinais do tempo de Deus. Por isso, ver o futuro ou falar das coisas do futuro não é senão uma característica secundária. Não é esse o papel principal que identifica o profeta como tal.
Uma ideia igualmente ainda bastante comum é a de que o profeta é alguém que só está bem a falar de desgraças. Também é verdade que, por vezes, contra a sua vontade, ele se vê obrigado a falar de desgraças; como é, por exemplo, o caso de Jeremias. Mas, mais uma vez, é necessário dizer que se trata de ter a capacidade de ver os sinais dos tempos, ou, por outras palavras, de ver as coisas e os acontecimentos sob a pespetiva de Deus. Mas, mais uma vez, não é essa a sua principal tarefa. E se, porventura, em certos casos, se pode dizer que o profeta fala de males, desgraças e castigos, é para levar as pessoas, através dum «choque» psicológico, a tomar consciência de que, a nível individual ou colectivo, algo está mal e é preciso corrigi-lo.
Ora bem, fundamentalmente, profeta é «aquele que fala em nome de alguém». Então, o profeta de Deus é «aquele que fala em nome de Deus». Ser considerado uma espécie de adivinho ou anunciador de desgraças é pura e simplesmente a consequência da sua missão. Falando em nome de Deus, o profeta é necessariamente alguém que fala contra-corrente, alguém que diz às pessoas aquilo que elas, se calhar, não gostam de ouvir. É que acontece que, assim como os caminhos de Deus não são os nossos caminhos (cf. Is 55, 8), assim também acontece (infelizmente com mais frequência do que seria de desejar) que os caminhos dos homens não são sempre os caminhos de Deus.
Se, portanto, o profeta é aquele que fala em nome de Deus, é natural que tenha que ser alguém contra-corrente. A grande tentação das pessoas é pretender decidir, fora do espaço de Deus, o que é bom e o que é mal. Por isso, a mensagem de Deus é difícil de interiorizar. Daí que, tantas vezes, o profeta seja alguém que prega ou ensina algo que não está de acordo com a mentalidade corrente. Jeremias, no seu tempo, foi um dos casos típicos do homem contra-corrente, do homem que ninguém gostava de ouvir.
*Profeta: é um ser do contra por amor
O profeta é, pois, de alguma forma, a consciência crítica do povo, em nome da Palavra de Deus. É aquele que é impelido a dizer continuamente esta coisa tão simples e ao mesmo tão paradoxal para a mentalidade humana normais: mais importante que a razão humana e a mentalidade do mundo, é a Palavra de Deus. Nesse sentido, ser profeta é, pois, de alguma forma, «ser do contra». Ele é fiel à sua missão de profeta só na medida em que desmascara e condena, onde quer que esteja e atue e em todas as circunstâncias, as cumplicidades com o mal. Ou seja, o autêntico profeta não tem medo de denunciar, com firmeza, as fraquezas e os vícios do povo e a vacuidade dos falsos cultos (dos antigos e dos modernos), aponta o dedo acusador contra os abusos do poder e contra toda e qualquer forma de idolatria. E a hidolatria acaba por se traduzir em ídolos que veem substituir o próprio Deus. E um deles é, sem dúvida, o dinheiro, como, aliás, sempre aconteceu, tanto que até o próprio evangelho contrapõe claramente Deus e o dinheiro (cf. Mt 6,24). O profeta, em diversas formas, escalpeliza toda a forma de injustiça; numa palavra, é contra toda a forma de «fazer Deus à nossa imagem e semelhança» (ao contrário do que deve ser). O profeta é aquele que continua a dizer que nós somos feitos à imagem e semelhança de Deus e não que Deus deve ser feito e entendido à imagem e semelhança do homem.
O profeta é, por isso, sempre um convite à conversão íntima, individual e colectiva. É como o espigão, digamos assim, que fere continuamente as nossas conveniências. Por isso, é um elemento incómodo, é uma pessoa combatida, uma pessoa arredada e liquidada, se isso for conveniente e necessário. Chega-se, em certos casos, a pensar até que quem ilimina os profetas está a fazer um favor ou a prestar culto a Deus (cf. Jo 16,2).
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Profeta: a voz dos «sem voz»
Ao defender que todos os homens são fundamentalmente iguais, porque todos filhos do mesmo Deus, o profeta é a voz dos «sem voz», é o defensor dos pobres, dos oprimidos, dos fracos, dos marginalizados. É aquele que fala e luta contra as injustiças e contra os abusos da dignidade humana. É a voz de todos daqueles que, mesmo quando afastados das «possibilidades» terrenas, não merecem perder a hipótese de verem um dia, finalmente, os seus direitos reconhecidos e restaurados. Não que o profeta se desinteresse dos problemas e realizações deste mundo, antes pelo contrário, mas porque sente dentro de si o «instinto» irresistível de apelar para uma outra dimensão, que ultrapassa a dimensão puramente material.
O profeta é, ao fim e ao cabo, o homem da esperança. E, por isso, não obstante todos os obstáculos e hostilizações de que é alvo, não se deixa abater jamais pela força do mal e continua a caminhar para o futuro com coragem e com a certeza de que o plano de Deus não se limita à realidade presente. E, assim, nos momentos mais duros da história do povo eleito (deportações, exílio, sofrimentos e perseguições), as palavras do profeta são, além de crítica, também palavras de consolação e confiança. Ou seja, depois de denunciar a infidelidade do povo, o profeta anuncia a fidelidade de Deus. O profeta é o homem que já «viu» a Deus e, portanto, é capaz de fazer uma leitura divina dos acontecimentos e dos homens.
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Jesus profeta e mais que profeta
Os hebreus, na aparência, não se diferenciavam em nada dos outros povos vizinhos. Mas o profeta lê essa história «insignificante» como um «diálogo» dramático entre Deus e o homem. O profeta não vê a história apenas como uma história meramente secular. Para ele, a história é sempre «sagrada», porque, não deixando de ser história dos homens, é também história dos homens com Deus e de Deus com os homens. Ele perspetiva sempre o presente sob o ângulo da Aliança do Sinai e sob o olhar da Nova Aliança.
Permanentemente insatisfeito com o presente, o profeta como que faz caminhar a história e os homens para o seu cumprimento definitivo: a comunhão ou aliança de amor de Deus com os homens. E, quando esse cumprimento chega, a história realiza-se duma maneira especial e totalmente inesperada: a Aliança é Jesus de Nazaré, o Homem-Deus.
Ou seja, Deus, ao contrário do que acontece na Antiga Aliança, não se fica lá nas nuvens - passe a expressão -, mas como que deixa a sua condição de Deus e vem fazer-se um dos homens (cf. Fl 2,6ss). E assim Jesus não é apenas mais um profeta (mesmo que seja o maior), mas é mais do que profeta; Ele é mais do que aquele que fala em nome de Deus. Ele é o próprio Deus feito Homem a falar com os homens. É, portanto, a revelação perfeita.
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A Igreja: povo de profetas
Segundo a «teologia paulina», a Igreja é o Corpo de Cristo. E, portanto, de alguma forma participa de todos os carismas, se assim se pode dizer, de Jesus; e, em particular, do carisma do profetismo. A Igreja participa desse carisma pelo facto de ser ela própria revelação, mensagem de Deus. Nesse sentido, também ela exerce a missão de profeta, na medida em que tem a tarefa e a obrigação de falar em nome de Deus. Mas, atenção, ela é apenas porta-voz, não se pode substituir Àquele em nome do qual deve falar. Ou seja, como acontece com todo o profetismo autêntico, ela é tão somente porta-voz; como João Batista. Dito doutra maneira, a Igreja não é a Palavra, é apenas a voz ou, por outras palavras, ela não é mais que uma espécie de eco de duma voz, porque a única Voz autenticamente representante de Deus é o seu Verbo, Jesus Cristo.
A Igreja possui, portanto, a autoridade/serviço de ler os acontecimentos, as coisas e a vida das pessoas numa perspetiva de fé, para que o Corpo de Cristo atinja a sua estatura adulta; sem se esquecer, porém, que tem também a obrigação de escutar essa mesma Palavra e de a pôr em prática. Nos acontecimentos, descobre o terreno privilegiado em que Deus, em Jesus Cristo, não cessa de chamar o homem para ir ao seu encontro. A Igreja é, portanto, um povo de profetas; ou melhor, deve ser, por essência, um povo de profetas, um povo que olha para as coisas e os acontecimentos «com os olhos de Deus». Fala em nome de Deus, escutando primeiro a sua Palavra e pondo-a em prática, até porque, como diz Jesus, «quem escuta a Palavra de Deus e a põe em prática, esse é meu irmão, minha irmã, minha mãe» (cf. Lc 8,19-21) .
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Igreja, contra-corrente por amor
A Igreja, em termos práticos e em conclusão, é a comunidade que «fala» em nome de Deus, mesmo sem falar, porque tem obrigação de viver a lei do amor gratuito e universal (como Paulo diz na 2ª leitura de hoje). E isso continua a ser algo de inaudito ainda hoje. É um ir contra-corrente, é uma denúncia concreta, com a vida e com o testemunho, contra uma sociedade que quer construir o seu futuro sobre a ganância, o egoísmo, o relativismo, o hedonismo, o arrivismo, a produtividade e a negação prática de Deus.
Como a sua missão trouxe a Jeremias, e a Jesus, sofrimento e morte, assim também o caminho da Igreja não pode ser senão esse, porque não há profecia sem sofrimento. Mas também é certo que é esse o único caminho para a construção duma sociedade mais fraterna e mais humana.