Temas

de

fundo

 

 

   III DOMINGO COMUM

1ª leitura (Is 8,23b-9,3):  No tempo passado, foi humilhada a terra de Zabulão e de Neftali, mas no futuro será coberto de glória o caminho do mar, o Além-Jordão, a Galileia dos Gentios. O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz se levantou. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem despojos. Vós quebrastes, como no dia de Madiã, o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros e o bastão do opressor.

 

* Vós quebrastes o jugo que pesava sobre o povo.

   A escolha deste texto do Primeiro Isaías está claramente em função do trecho evangélico, até porque é citado à letra pelo mesmo. Este texto faz parte duma unidade literária a que se pode chamar de «profecia messiânica», que começa no capítulo 8 e continua no capítulo 9. Há uma referência ao facto de o povo andar errante, oprimido e até esfomeado, chegando mesmo a amaldiçoar o seu Deus por causa disso. Não há senão angústia, trevas, aflição e escuridão. Mas essa situação não pode ser senão passageira, porque o Senhor Deus fará brilhar uma luz nas trevas e fará descobrir ao povo o caminho a seguir... Mas, esta é a situação de todos os tempos, de todos os povos e também de todos os indivíduos. Há momentos em que nos parece que tudo é escuridão e olhamos para o alto e parece que não descortinamos nada. Mas a promessa de Deus continua a ser válida: é preciso ter a certeza de que, no meio da incerteza e da escuridão, há sempre uma luz que ilumina os nossos passos. Para os cristãos, essa luz é Cristo (o Menino que nos foi dado) e, por isso, podemos, desde já, alegrar-nos como os que se alegram no tempo da colheita.

 

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2ª leitura (1Cor 1,10-13.17):  Peço-vos, irmãos, em nome e Nosso Senhor Jesus Cristo, que estejais todos de acordo e que não haja divisões entre vós. Permanecei unidos num mesmo espírito e num mesmo pensamento. Eu soube, meus irmãos, pela gente de Cloé, que há discórdias entre vós. Refiro-me ao facto de cada um dizer: «Eu sou de Paulo» ou «Eu sou de Apolo» ou «Eu sou de Cefas» ou «Eu sou de Cristo». Estará Cristo dividido? Porventura Paulo foi crucificado por vós? Ou fostes baptizados em nome de Paulo? Devo dizer que Cristo não me enviou para batizar, mas sim para anunciar o Evangelho; sem, porém, recorrer à sabedoria da linguagem, para não esvaziar da sua eficácia a cruz de Cristo.

 

* Que não haja divisões entre vós.

   Segundo o livro dos Actos dos Apóstolos (cf. Act 18,1-18), Paulo chegou a Corinto durante a sua segunda viagem missionária e aí permaneceu cerca de 18 meses. Durante esse tempo, fundou uma comunidade pujante de vida, sobretudo entre os estratos mais humildes e e excluídos da população. A maioria dos aderentes à mensagem de Cristo era de origem pagã, embora houvesse também alguns de origem judaica. Mas, assim como aderiram facilmente e com entusiasmo à «nova doutrina», também facilmente iam atrás de outras «novidades», por causa da sua pouca formação e da incapacidade de discernir a verdade da mentira. E então, pouco a pouco, começaram a surgir divisões e «partidos». Sendo assim, uma das grandes preocupações do Apóstolo Paulo era evitar que se estabelecessem divisões que em nada contribuíam, antes pelo contrário, para o fortalecimento da Igreja. Depois da fundação, poderão ter visitado essa comunidade o apóstolo Pedro e também Apolo. Sabe-se, por outro lado, que os seguidores de Pedro eram sobretudo judaico-cristãos e estavam muito agarrados a uma série de tradições e observâncias legais. (Lei de Moisés). Ora, tudo isso veio criar confusão numa comunidade que era maioritariamente de extração pagã. Por seu lado, segundo se sabe, Apolo era um homem muito eloquente e muito versado nas Escrituras e possivelmente atraía aqueles que se tinham por mais eruditos e julgavam que não se podiam misturar muito com os outros. A tarefa de Paulo é esclarecer e insistir que, nessa comunidade (e em todas as comunidades), o ponto de referência é unicamente Cristo. E é também essa a tarefa nos tempos que correm. Com efeito, se há ainda tantas divisões entre nós, não será porque nos esquecemos que o ponto de referência é Cristo e mais ninguém?

 

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Evangelho (Mt 4,12-23):  Tendo ouvido dizer que João tinha sido preso, Jesus retirou-se para a Galileia. Depois, deixou Nazaré e foi habitar para Cafarnaum, cidade situada à beira-mar, na região de Zabulão e Neftali, para que se cumprisse o que o profeta Isaías tinha anunciado: «Terra de Zabulão e Neftali, caminho do mar, região além do Jordão, Galileia dos gentios. O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz; e aos que jaziam na sombria região da morte surgiu uma luz». A partir desse momento, Jesus começou a pregar dizendo: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu». Um dia, ao caminhar ao longo do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes: «Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens». E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no. Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, os quais, com o seu pai Zebedeu, consertavam as redes dentro do barco. Jesus chamou-os e eles, deixando no mesmo instante o barco e o pai, seguiram-no. Depois disso, começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando entre o povo todas as doenças e enfermidades.

 

* Está próximo o Reino do Céu.

   Seria de supor e esperar que Jesus iniciasse a vida pública na zona onde terá sido batizado (ou seja, no deserto da Judeia, ao sul do país), mas a verdade é que Jesus, como diz o texto evangélico de hoje, se retirou para a Galileia (ao norte), indo morar, mais concretamente, na cidade de Cafarnaum, no Lago Tiberíades. Poderemos dizer, em linguagem popular, que o sul, à volta de Jerusalém, era mais religioso no sentido técnico do termo, porque as pessoas eram mais observantes, mais praticantes. Tanto que os judeus, e particularmente os seus líderes religiosos, consideravam os samaritanos e também os galileus como gentios ou pagãos. Mas o certo é que Jesus escolhe para exercer a sua atividade, digamos assim, o norte. Daí eu poder concluir que Deus não liga muito - ou mesmo nada - ao formalismo, mesmo que seja de cariz religioso. Isso aconteceu com Jesus no seu tempo e acontece - parece-me a mim - em todos os tempos. Por outras palavras, o Reino do Céu está possível e provavelmente a ser anunciado e a ser construído onde menos se espera, fora de esquemas pré-estabelecidos. Disso parece ser sinal também o facto de Jesus ter escolhido, para seus colaboradores mais diretos, pessoas simples (se calhar, algumas, pouco religiosas e até analfabetas). O que Ele exige deles é total disponibilidade e a decisão de deixarem tudo e irem atrás dele. Só depois é que começam a escutar Jesus outras pessoas, incluindo gente vinda de Além-Jordão, da Judeia e até de Jerusalém, como diz o evangelista Mateus alguns versículos depois desta leitura. Resumindo e concluindo: também nos tempos de hoje, o Reino de Deus tantas vezes começa onde menos esperamos.

 

PARA ULTERIOR APROFUNDAMENTO, VEJA COMENTÁRIO EM BAIXO.

O povo que andava nas trevas viu uma grande luz.

 

 *Que não haja discórdias entre vós!

 

 *Jesus chama colaboradores para continuar a sua obra.

 

   

   Os três temas principais deste domingo são, sem sombra de dúvida, os que se relacionam com a luz, com o facto de o único ponto de referência na vida dos cristãos deve ser Cristo Jesus (e não os seus mensageiros) e também a missão dos próprios mensageiros, que não devem comunicar mensagens próprias e fazer discípulos próprios, mas sim comunicar a Jesus Cristo e só a Ele, porque só Ele é o Salvador. Disso falam - espero eu - os comentários feitos acima e referidos às leituras bíblicas propostas.

  • Seguir a Cristo

     O terceiro Domingo do Tempo Ordinário costuma celebrar-se dentro do Oitavário de oração pela unidade dos cristãos ou imediatamente a seguir. No caso concreto deste domingo, as leituras bíblicas - nomeadamente a segunda e o trecho evangélico - referem-se à necessidade de seguir a Jesus Cristo incondicionalmente, excluindo explicitamente o seguimento a mais ninguém. Enquanto não for claro, em termos teóricos e práticos, que o único que merece ser seguido é Jesus Cristo, não é possível a tão desejável unidade.

 

    Pela importância do tema, tomo a liberdade de propor ao leitor um texto oficial que me parece merece ser meditado, mesmo depois do Oitavário, e que tem por título

 

Documento do Conselho Pontifício

para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Cristo, único fundamento da Igreja

(1Cor 3, 1-23)

 INTRODUÇÃO

     Este tema foi elaborado num contexto caracterizado pelas novas possibilidades de crescimento que se oferecem à Igreja. Há mais de dez anos que as Igrejas da Eslováquia passam por um período de renovação e de desenvolvimento, depois de terem vivido, durante aproximadamente quarenta anos, uma situação política que, embora lhes permitisse existir, impedia o seu desenvolvimento e limitava o seu testemunho na sociedade.

    

Subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em 2020

   Os materiais para a Semana de Oração pela Unidade Cristã de 2020 foram preparados pelas Igrejas cristãs em Malta e Gozo (Cristãos Unidos em Malta). Em 10 de fevereiro, muitos cristãos em Malta celebram a festa do naufrágio de São Paulo, destacando e agradecendo a chegada da fé cristã nessas ilhas. A leitura de Atos dos Apóstolos usada na festa é o texto escolhido para a Semana de Oração deste ano.A história começa com Paulo sendo levado a Roma como prisioneiro (At 27,1ss). Paulo está preso, mas mesmo numa viagem que se torna perigosa, a missão de Deus continua através dele.Essa narrativa é um clássico drama da humanidade confrontada com o aterrorizante poder dos elementos. Os passageiros do navio estão expostos às forças dos mares abaixo e das poderosas tempestades que se erguem ao seu redor. Essas forças os levam a um território desconhecido, onde estão perdidos e sem esperança.

2019-09-12

Eles nos demonstraram um benevolência fora do comum
(Atos 27,18-28,10)

   Preparado e publicado em conjunto pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e a Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas.

Os materiais para a Semana de Oração pela Unidade Cristã de 2020 foram preparados pelas Igrejas cristãs em Malta e Gozo (Cristãos Unidos em Malta). Em 10 de fevereiro, muitos cristãos em Malta celebram a festa do naufrágio de São Paulo, destacando e agradecendo a chegada da fé cristã nessas ilhas. A leitura de Atos dos Apóstolos usada na festa é o texto escolhido para a Semana de Oração deste ano.A história começa com Paulo sendo levado a Roma como prisioneiro (At 27,1ss). Paulo está preso, mas mesmo numa viagem que se torna perigosa, a missão de Deus continua através dele.Essa narrativa é um clássico drama da humanidade confrontada com o aterrorizante poder dos elementos. Os passageiros do navio estão expostos às forças dos mares abaixo e das poderosas tempestades que se erguem ao seu redor. Essas forças os levam a um território desconhecido, onde estão perdidos e sem esperança.

   Hoje muitas pessoas estão enfrentando terrores semelhantes nesses mesmos mares. Os mesmos lugares mencionados no texto lido (cf 27,1; 28,1) também fazem parte das histórias de migrantes de tempos modernos. Em outras partes do mundo muitos outros estão fazendo jornadas igualmente perigosas por terra e pelo mar para escapar de desastres naturais, guerra e pobreza. Suas vidas também estão expostas a imensas e friamente indiferentes forças - não apenas naturais, mas também políticas, econômicas e humanas. Essa indiferença humana assume várias formas: a indiferença dos que vendem lugares em barcos inadequados para pessoas desesperadas; a indiferença que leva à decisão de não enviar barcos de socorro; a indiferença que faz mandar embora barcos de imigrantes. Isso são apenas alguns exemplos. Como cristãos unidos encarando as crises da migração essa história nos desafia: apoiamos as frias forças da indiferença, ou mostramos “benevolência fora do comum” e nos tornamos testemunhas da amorosa providência de Deus para todas as pessoas?

Adaptando o texto

   Este material é oferecido com a compreensão de que, sempre que possível, será adaptado para uso em situações específicas locais; Deve-se levar em conta a prática litúrgica e devocional, bem como o conjunto do contexto social e cultural. O ideal é que essa adaptação seja feita de forma ecumênica. Em alguns lugares já existem estruturas ecumênicas para a adaptação deste material; em outros, esperamos que a necessidade de adaptação venha a ser um estímulo para a criação de tais estruturas.

Download : 2020 SPUC Portogueuse.pdf

  

 

OUTROS TEMAS POSSÍVEIS

  • Chamada a um serviço

  • Igreja inserida na história

  • A palavra como instrumento

  • A pregação aos pagãos

  • O arauto divino

  • Pescadores de homens

  • Anunciar o Reino e a conversão