1. DINHEIRO GERA DINHEIRO

 

«Vinde!» – disse Jesus aos seus amigos – «Temos de continuar a nossa viagem. Já estamos relativamente perto de Jerusalém e está prestes a acontecer o que tem que ser». «E, quando chegarmos a Jerusalém, o que é que vai acontecer?» – perguntou Simão Pedro – «A cidade e o nosso país vão ver, finalmente, como está tudo previsto nos planos de Deus? Uma cidade de paz e um país forte e poderoso? É agora que vai ser instalado o teu Reino?».

 

Jesus ficou a olhar para Simão Pedro com uma certa tristeza. Infelizmente, há que reconhecer que nem Simão nem os outros seus amigos tinham compreendido ainda quase nada do que Ele vinha ensinando. «Então, vós julgais que é assim tão fácil fazer de Jerusalém uma cidade de paz? Julgais porventura que basta a gente chegar e que tudo muda de repente, como se fosse com o toque duma varinha mágica? Mudar uma cidade toda não é assim tão simples. Mudar um país é algo que depende de todos os seus cidadãos»...

 

Interveio então João dizendo: «Certo, que não é fácil mudar a mentalidade e o coração dos moradores de Jerusalém, mas Deus é todo-poderoso e pode tratar disso. A promessa de que as coisas vão mudar para melhor tem que se cumprir!». Então Jesus perguntou-lhe: «Mas tu achas que Deus vai querer mudar uma cidade e um país inteiro sem que as pessoas queiram? Como sabes perfeitamente, as pessoas são livres. É claro que Deus pode tudo, mas as pessoas não se levam dessa maneira: há que respeitar a sua liberdade e a sua maneira de fazer as coisas!»...

 

Os amigos de Jesus sabiam que as pessoas são livres e, contudo, julgavam à mesma que Deus, desta vez, iria fazer coisas maravilhosas. Mas Jesus dissuadiu-os disso. Tirar-lhes essas ideias da cabeça não era nada fácil, porque também eles eram pessoas livres. Jesus, em termos absolutos, poderia fazer com que eles mudassem de repente de mentalidade e começassem a entender tudo perfeitamente, mas achava que os devia respeitar com os seus limites e a sua maneira de ir compreendendo as coisas só pouco a pouco...

 

Caminharam durante algum tempo em silêncio. Depois, um pouco para interromper esse mutismo, Jesus contou mais uma história aos seus amigos. Era uma vez um homem rico. Era um rei. Tinha três empregados. E esse homem, um dia, teve que fazer uma viagem demorada a uma terra distante. Ia ficar fora do seu reino durante muito tempo. Mas, antes de sair, decidiu entregar a cada um dos empregados uma boa quantia de dinheiro para que eles a administrassem...

 

O primeiro empregado ficou contente. O segundo empregado também. Só o terceiro é que ficou um pouco desconfiado ao ver o dinheiro na mão. E o rei partiu de viagem. O primeiro empregado pensou: «Bem, vou comprar um rebanho. O dinheiro chega bem para comprar um rebanho. Aliás, se calhar, ainda vai sobrar dinheiro para comprar madeira e construir um abrigo para as ovelhas. Pelos meus cálculos, a soma vai chegar para todas essas despesas»...

 

O segundo empregado fez um raciocínio parecido. Contou o dinheiro e chegou à conclusão que, com ele, podia comprar dois pares de bons cavalos e, que além disso, ainda podia comprar também duas carroças. E até já tinha deitado o olho a umas carroças que estavam em promoção. Aquilo vinha mesmo a calhar...

 

Só o terceiro empregado é que pareceu ficar assustado. E foi pensando com os seus botões: «Não, eu é que não vou comprar coisíssima nenhuma. Isto de lidar com dinheiro não combina com a minha maneira de ser. É que nunca se sabe! Com certeza que o rei vai pedir contas do seu dinheiro quando voltar. E depois como é? Acho que é melhor nem tocar no maldito deste dinheiro! Vou mas é guardá-lo. Não, não vou gastar nem sequer um único tostão. Assim, tenho a certeza que o rei não me vai aborrecer quando chegar...».

 

O primeiro empregado comprou, pois, o rebanho e cuidou bem dele. As ovelhas deram-lhe muitas crias. De tal maneira que, um ano depois, o número das ovelhas do seu rebanho já tinha duplicado. No fim desse ano, vendeu metade e ganhou tanto como tinha gasto. Aliás, ganhou ainda mais, porque mandou tosquiar as ovelhas e vendeu também a lã no mercado. Já tinha, pois, pelo menos o dobro do dinheiro...

 

O segundo, com os cavalos e as carroças, começou a fazer transportes para terceiros, levando e trazendo coisas para os mercados e para as feiras. Transportava de tudo: produtos de comer, lenha. No fim de um ano, já tinha feito dinheiro suficiente para comprar outros tantos cavalos e carroças... Foi, quando o homem rico voltou da sua viagem. «Deixem-me ver o que fizeram com o meu dinheiro!» – disse ele. O primeiro empregado apressou-se a mostrar-lhe o seu curral dizendo: «Veja bem o que ganhei: já dupliquei o que o senhor me deixou». «Parabéns!» – disse-lhe o rei – «Uma vez que mostrou que sabe lidar com dinheiro, vai ficar encarregado duma das minhas cidades».

 

Com o segundo empregado, aconteceu a mesma coisa. «Aqui estão os cavalos e as carroças que comprei com o dinheiro que o senhor me deixou» – disse ele – «E veja também o que ganhei com os transportes que fiz: mais ou menos o dobro do que recebi». «Óptimo!» – respondeu o rei – «vais mandar também numa das minhas cidades».

 

Chegou também a vez do terceiro empregado, que se limitou a dizer entre dentes ao rei: «Aqui tem de volta todo o dinheiro que o senhor me deixou. Confesso que não tenho lá muito jeito para estas coisas e então pensei que era melhor não arriscar. Eu sabia que o meu rei é exigente e que certamente iria querer de volta todo o dinheiro que me tinha deixado. Pensei que iria exigir de mim tudo e ainda mais alguma coisa. Tive medo e, por isso, eis aqui o que me deu!»...

 

Nesse momento, o rei, já mal-humorado, respondeu ao terceiro empregado: «Então achas que sou exigente, não é verdade? Pois, olha, vou ser mesmo exigente contigo. Tu és medroso e não tiraste nenhum proveito do que te deixei. Então, vamos fazer o seguinte: vou-te pedir o que te dei e vou dividi-lo pelos outros dois. Eles, ao menos, sabem lidar com dinheiro. Quando uma pessoa recebe dinheiro, tem que o fazer render. Senão, não o merece de maneira nenhuma!».

 

A história que Jesus contou foi esta. Então aproveitou também ele para tirar uma conclusão: «Meus amigos, quando tivermos a oportunidade de modificar alguma coisa no mundo e sobretudo à nossa volta, temos que aproveitar essa oportunidade. Mesmo que tenhamos a possibilidade de fazer apenas um pouco ou quase nada, não devemos desistir. Não esperemos milagres, mas não podemos desperdiçar os dons que recebemos de Deus, sob pena de sermos maus administradores».