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Paulo e Barnabé passaram algum tempo no Chipre. Depois disso, foram para Antioquia, uma cidade que ficava na actual Turquia. João Marcos acompanhava-os, mas seguiu viagem para Jerusalém. Chegados a Antioquia, Paulo e Barnabé, no Sábado, foram a uma sinagoga, ou seja, a uma igreja dos judeus daquele tempo, e aí começaram a pregar o nome de Jesus a toda a gente. As dificuldades iniciais eram notórias, mas conseguiam convencer muita gente e também fundaram uma comunidade.
De Antioquia, Paulo e Barnabé seguiram para Icónio, onde usaram os mesmos métodos. Acorriam muitas pessoas e muitos iam-se convertendo. Para isso contribuía também os prodígios que faziam, incluindo algumas curas. Foi precisamente o que aconteceu, por exemplo, em Listra, onde curaram um coxo. Naturalmente, ao verem isso, as pessoas ficaram tão entusiasmadas que já se prostravam diante deles como se fossem deuses vivos a pisar as ruas da sua cidade. Paulo então teve que intervir energicamente para acabar com essa superstição...
O facto é que foram, nos vários lugares que percorriam nessa zona da actual Turquia, Paulo e Barnabé iam fundando e fortalecendo as várias comunidades que iam surgindo. Ainda hoje, há testemunhos maravilhosos das comunidades que aí foram fundadas. E parece que o entusiasmo dos próprios Paulo e Barnabé foi tão grande que aí permaneceram durante vários anos. Depois disso, Paulo e Barnabé separaram-se e cada um seguiu para o seu lado. Para Paulo, tinha chegado a altura de poder viajar até ao centro da própria cultura grega, a própria Atenas...
A meta da viagem de Paulo não era propriamente Atenas. A sua intenção era fazer uma visita a uma comunidade de cristãos que vivia na cidade de Corinto. Atenas, nessa altura, era a cidade mais bela do mundo. Pelo menos essa era a opinião e a maneira de falar dos atenienses. A mesma coisa diziam de Roma os romanos. Seja como for, Atenas era a cidade que todos deviam visitar. Aí viviam os maiores poetas, os maiores pensadores e os maiores filósofos, os maiores artistas. Enfim, Atenas era a cidade da cultura daquele tempo. E a verdade é que havia lá também monumentos maravilhosos. Era também a cidade onde havia os monumentos mais estranhos...
Quando chegou a Atenas, também Paulo ficou impressionado. Gostou da cidade. Só que Paulo era um turista muito especial. Passeando pelas ruas da cidade, viu coisas estranhas. Eram belas, mas muito estranhas. Ao chegar a um determinado lugar central da cidade, ficou mesmo espantado. Era um número impressionante de estátuas que representantes outros tantos deuses. Os atenienses tinham um deus para tudo: o deus Mercúrio para garantir muito dinheiro; o deus Apolo para proteger as artes, o deus Dionísio que era protector das festas e romarias que se faziam na cidade e fora da cidade; a deusa Artemis que protegia sobretudo as mulheres; o deu Júpiter, que era como que o pai e o protector de todos os outros deuses; a deusa Minerva para os estudantes. E assim por diante...
E Paulo viu, no meio dessas estátuas todas, também um altar especial onde não havia a estátua de nenhum deus. Mas nesse altar estava escrito o seguinte: «Dedicado ao deus desconhecido». Enfim, era o altar destinado a algum deus do qual porventura eles se tivessem esquecido. «Mas que horror!» – pensava Paulo – «Como é que não se atrapalham todos com tão grande número de deuses?! Isto é para deixar a cabeça em água!». Ao mesmo tempo que fazia estas considerações, Paulo ia pensando também para consigo: «Como é que vou fazer para explicar a esta gente o que tenho para lhes dizer? Vão certamente pensar que é mais um deus como outro qualquer!».
A situação não se apresentava nada fácil, até porque se tratava de gente culta. E Paulo começou a pensar que ali também ele tinha que lhes falar de maneira moderna e culta. Por isso, enquanto passeava pela cidade, não perdia tempo. Ia reparando como é que eles faziam para depois ele fazer também como eles.
Alguns dias depois da sua chegada, Paulo meteu conversa com uma pessoas que estavam a discutir em grupo. Eram alguns filósofos. Foi nessa conversa que um dos filósofos lhe perguntou: «Ouvimos dizer que o senhor traz uma nova religião; a religião dum tal Jesus ou algo assim. É verdade? Olhe, faça uma coisa: venha até à praça onde nós nos costumamos reunir e conte-nos alguma coisa sobre isso!». Paulo que já vinha pensando na forma de falar de Jesus aos atenienses, aproveitou imediatamente a deixa e marcou um dia para falar com os pensadores e homens cultos da cidade...
O local do encontro chamava-se areópago. No dia combinado, havia lá muita gente para escutar Paulo. E ele não se fez rogado: «Atenienses, pelo que me foi dado observar, vejo que sois os homens mais religiosos do mundo. Passei pela vossa cidade e vi que há até um altar com esta inscrição: “Ao deus desconhecido”. Pois bem, aquilo que eu vos posso dizer é que esse deus desconhecido é o nosso Deus, o Deus de Jesus Cristo, o Deus que fez o céu e a terra. Mas esse é um Deus que não se deixa aprisionar nos templos, nem sequer nos de Atenas. É ele que dá vida e respiração a todas as criaturas...».
E Paulo continuou: «Esse Deus que fez o céu e a terra, para que as pessoas fossem capazes de o descobrir nas suas vidas, fez-se ele próprio homem por intermédio de Jesus... Entendem o que eu quero dizer?». Respondeu-lhe um dos presentes: «Se bem entendi, esse tal Jesus então foi um homem de carne e osso!? O quê, então o senhor acha que Deus se ia transformar em homem? Ah não! Se eu fosse Deus, nunca faria uma coisa dessas! As pessoas morrem. Não me diga que esse Deus também veio para morrer?»...
Paulo ficou a olhar para o homem e depois disse-lhe: «Jesus é mais forte do que a morte. Se tudo tivesse acabado com o seu assassínio, acha que eu estaria agora aqui a falar dele? Ele continua vivo!». «Ora, ora, histórias!» – atalhou alguém – «Quando alguém morre, morto está e acabou-se. Se entendi bem, a sua hipótese é a seguinte: nós vivemos, movemo-nos e existimos pelo simples facto de Ele ser. Mas o senhor pode provar isso?». Paulo bem depressa chegou à conclusão que o estado de espírito daquelas pessoas não era o melhor para entenderem o que ele queria dizer. Por isso, limitou-se a responder-lhes que cada um procurasse descobrir por si próprio: «Deus um dia julgará o universo por intermédio desse Jesus que ressuscitou de entre os mortos».
Quando aqueles homens ouviram falar de ressurreição, cada um se foi afastando. Estavam à espera de alguma coisa de diferente. E, de resto, Paulo convenceu-se bem depressa que o que eles queiram era falar de coisas difíceis para passar o tempo. E isso não correspondia ao seu feitio. No entanto, ainda houve alguns que concordaram com ele e abraçaram a fé. Entre eles, um que se chamava Dinis e uma senhora de nome Dâmaris. Não foi muito, mas pelo menos foi alguma coisa...