Temas de fundo |
1ª leitura (Ez 17,22-24): Eis o que diz o Senhor Deus: «Eu próprio talharei um cedro e dele colherei um rebento. Plantá-lo-ei num monte elevado, na montanha mais alta de Israel. Deitará ramos, produzirá sementes e tornar-se-á um cedro magnífico. Nele habitarão todas as espécies de aves e à sombra dos seus ramos repousarão todas as espécies de voláteis. E todas as árvores da floresta saberão que sou Eu o Senhor, que humilho a árvore elevada e elevo a árvore humilhada, que faço secar a árvore verde e florescer a que está seca. Eu, o Senhor, disse-o e cumpro-o». * Saberão todas as árvores da floresta que Eu sou o Senhor. Para entender alguma coisa deste tipo de linguagem, não nos podemos esquecer que as profecias de Ezequiel têm como contexto e pano de fundo histórico o cativeiro da Babilónia. Ora, como se sabe, as condições em que viviam os exilados eram muito complicadas. Por isso, é natural que a tentação da dúvida e do desespero fossem o estado de espírito mais comum entre os exilados. Ezequiel (a par de outros líderes do povo) é chamado então a dar coragem aos concidadãos. Servindo-se duma linguagem especial, precisamente a profética, privilegia claramente as visões, as parábolas e alegorias, bem como as ações (quase representações) simbólicas. Há, pois, que saber passar para além das imagens e da «folhagem» para colher a sua mensagem. Assim, no caso concreto, a imagem do rebento tem por objetivo dizer às pessoas que, apesar das várias e constantes formas de infidelidade por parte do povo, Deus está sempre disposto a continuar em Israel a sua obra de salvação (mesmo incluindo o aspeto político, digamos assim). A salvação, por outras palavras, é obra de Deus. PARA ULTERIOR APROFUNDAMENTO, VEJA EM BAIXO. 2ª leitura (2Cor 5,6-10): Eu mantenho-me sempre cheio de confiança. Mas também tenho consciência de que, permanecendo neste corpo, vivo exilado, longe do Senhor, pois a nossa vida é uma questão de fé e não de visão clara. Cheio dessa confiança, preferiria exilar-me do corpo, para poder ir morar junto do Senhor. No entanto, acima de tudo, quero é agradar-lhe, quer permaneça na minha morada, quer a deixe. Todos havemos de comparecer perante o tribunal de Cristo, para receber cada um segundo aquilo que fez de bem ou de mal enquanto viveu. * Esforcemo-nos, quer vivamos quer morramos, por agradar ao Senhor. A segunda leitura deste domingo parece não ter muita relação com as outras duas. Em qualquer caso, também ela aponta para a necessidade de ter paciência e calma (passe a expressão) nesta vida, que é de passagem. De facto, o que é importante é reconhecer, em última análise, que Deus está à nossa espera e que Ele pode e quer fazer o que nós não temos a capacidade de fazer sozinhos. S. Paulo, escrevendo aos Coríntios, diz que passa por tantas dificuldades que chega a afirmar que, por vezes, a vida se parece com um exílio longe do Senhor e que por isso melhor seria até morrer. Mas reconhece também que, acima de tudo, o que deve alimentar no seu coração é ser agradável a Deus levando uma conduta em função desse facto. Por outro lado, embora cada um deva ser recompensado segundo o que fizer, isso, porém, não quer dizer que podemos deixar-nos abater pelo desespero. Talvez seja de pouca utilidade «preocuparmo-nos» com o que possa haver depois. Por outro lado, como bem diz a sabedoria popular, não esqueçamos que Deus nunca se deixa vencer em generosidade. Agora, o que conta de facto é procurar ser agradável a Deus enquanto se está neste «exílio terrestre», sem necessidade de esperar qualquer contrapartida. PARA ULTERIOR APROFUNDAMENTO, VEJA EM BAIXO. Evangelho (Mc 4,26-34): Jesus disse: «O Reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, quer de noite quer de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz espontaneamente: primeiro o caule, depois a espiga e, finalmente, o trigo cheio na espiga. Quando o fruto está maduro, logo ele mete mão à foice, porque chegou o tempo da ceifa... Com que havemos de comparar o Reino de Deus? ou com que parábola o podemos descrever? Ele é como um grão de mostarda que é lançado à terra. É certo que é a mais pequenas de todas as sementes que existem. Mas, uma vez semeada, cresce e transforma-se na maior de todas as plantas do horto e estende tanto os ramos, que as aves do céu se podem abrigar à sua sombra». Jesus pregava-lhes a Palavra com muitas parábolas como estas, conforme a capacidade que eles tinham de entender. Não lhes falava senão em parábolas. No entanto, em particular, explicava tudo aos discípulos. * O Reino de Deus é como um grão de mostarda. Quando os Evangelhos são postos por escrito, não obstante o cristianismo já esteja espalhado um pouco por toda a parte do mundo conhecido de então, o certo é que o «sucesso» não parece ter sido o que eventualmente se possa imaginar. Com efeito, as dificuldades, os problemas e as perseguições, logo no início, levam alguns dos crentes a abandonar a doutrina que tinham abraçado e a questionarem-se se, afinal de contas, a mensagem de Jesus era assim tão eficaz como se dizia. Talvez alguns começassem a duvidar se pela doutrina de Jesus se conseguiria instaurar finalmente o Reino de Deus. As coisas pareciam mais complicadas do que o previsto, porque a mensagem do Mestre, ao fim e ao cabo, não era fácil de fazer passar. Penso que este contexto ajuda um pouco a compreender o motivo por que os evangelistas se lembram de pôr à consideração dos seus leitores as histórias e as parábolas que Jesus contou. A mensagem parece ser então bastante clara: não há que esperar acontecimentos espectaculares nem alimentar uma impaciência derrotista. As coisas, mesmo no que se refere ao Reino de Deus, acontecem quando devem acontecer e, nisso, temos que aprender a paciência de Deus, que a todos quer salvar: não só a nós (que já acreditamos), mas também a todos os outros. PARA ULTERIOR APROFUNDAMENTO, VEJA EM BAIXO. |
* Saberão todas as árvores das florestas que Eu sou o Senhor.
* Esforcemo- nos, quer vivamos quer morramos, por agradar ao Senhor.
* O Reino de Deus é como um grão de mostarda. |
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TEMOS UM SENHOR QUE É PACIENTE. |
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O sentido do termo «semear»
O termo recorrente no texto evangélico de hoje é o de semente. Ora bem, na tradição bíblica, a imagem e o gesto de «semear» lembram-nos a acção de Deus, referindo-se, em particular, ao dom da sua Palavra, sempre eficaz (cf., por exemplo, Is 55,10-11). É a esta imagem da semente que se refere de facto o trecho evangélico, que faz parte daquele grupo de parábolas que alguns exegetas catalogam - e bem - como «parábolas do Reino».
Marcos, com as duas pequenas parábolas, propostas para hoje, quer exprimir a certeza absoluta do advento do Reino de Deus, não obstante as aparências «insignificantes» e independentemente da correspondência imediata do homem. O gesto de semear faz compreender ao ouvinte, ou leitor do evangelista, que chegou o tempo da intervenção de Deus através das palavras e das obras de Jesus. Mais, às pessoas que ouvem essa Palavra pode corresponder também, eventualmente, a tarefa de colaborar na acção de semear. Mas essa tarefa, com muita frequência, não vai além disso, porque, quanto ao resto (sobretudo quanto à colheita), deve pôr-se de parte todo o tipo de impaciência e sobretudo de pretensão.
Os tempos e as modalidades de crescimento do Reino anunciado por Jesus não dependem dos semeadores humanos. O Reino de Deus impõe-se espontaneamente, mas com o seu ritmo próprio, embora possa parecer que não. E isto tanto aconteceu ontem acontece como hoje. No princípio, quando a Igreja, à qual o evangelista Marcos dirige o seu Evangelho directamente, era perseguida e, no entanto, sabia ver no «sangue dos mártires semente de novos cristãos»; hoje, quando os indiferentes e os adversários têm a pretensão de declarar superada a Palavra de Jesus, chegando ciclicamente a negar que essa Palavra tenha algum alcance que não seja simplesmente o humano. Além do mais, eles pretendem oferecer um modelo de vida «como se Deus não existisse», pondo à prova os seguidores de Cristo.
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As novas parábolas «apócrifas»
Ao falar do Reino, dá a impressão que Jesus como que sente certa dificuldade na forma como o deve apresentar, para que os ouvintes o entendam bem. E, com efeito, é fácil verificar que as pessoas, incluindo os seus amigos íntimos, entendiam as coisas de maneira errada. É essa a razão que os evangelistas dão para Ele falar em parábolas.
Se hoje, porventura, se der o caso que alguns que frequentam a igreja julgam que não teriam as «hesitações» que (segundo eles) terá tido Jesus ao falar do Reino, se calhar, isso deve-se ao facto de também eles ainda não terem entendido qual é a essência desse Reino. A esse propósito, é bom nunca esquecer que a implantação do Reino de Deus, como aconteceu no tempo de Jesus e dos Apóstolos, tem inícios bastante modestos e humildes, irrelevantes mesmo, aos olhos do mundo. Acresce que essa implantação segue um processo que por vezes se revela moroso.
Mas hoje - é-se por vezes tentado a pensar - a Igreja é uma realidade que se impõe à atenção de todo o mundo. Tanto que, às vezes, nem sequer se põe em dúvida se a Igreja corresponde, em toda a linha, ao conteúdo do Reino. Com frequência, defende-se também a opinião de que, por conseguinte, ela deve fazer-se respeitar e entrar em concorrência com os vários poderes. Ainda se ouve dizer que o que «eles» têm é medo da «nossa» influência e por isso não temos que nos calar.
Dá-me a impressão que a parábola evangélica proposta para hoje, no fundo, não perfilha muito essa opinião. Grandiosidade, número, eficiência, influência, nos mais diversos campos; prestígio, obras imponentes, ocupação de postos-chave e privilégios, alianças estratégicas, uma história às vezes contada em tons triunfalistas... nem sempre são a garantia de que a diagnose em relação à Igreja seja exacta e positiva.
Não é necessariamente nessas circunstâncias que ela cresce e se desenvolve. É certo que se torna necessário explicar, e até talvez inventar, parábolas novas, mas não se podem escolher parábolas «apócrifas». Ou seja, as parábolas que valem realmente continuam a ser as evangélicas. E eu vejo-me obrigado a reafirmar que as parábolas evangélicas certamente não convidam à tentação da lógica economicista ou do poder.
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O «jogo» de Deus não é o nosso jogo
Nesta perspectiva, de alguma forma, apesar do que se possa pensar, a liturgia deste domingo constitui uma «provocação». Com efeito, temos que fazer contas, digamos assim, com essa tal «hesitação» de Jesus, que referi acima, e recuperar, como valores autênticos, a pequenez, a obscuridade, a fraqueza, a pobreza, a falta de protecções e de «cunhas».
Ocorre convencermo-nos (como recorda o trecho de Ezequiel com a sua imagem tirada duma realidade talvez bastante afastada da nossa experiência pessoal) que Deus escolhe as realidades mais humildes para realizar desígnios de grandeza. Mas é, segundo o profeta, uma operação que deve ser atribuída exclusivamente a Ele. Ele não tem necessidade da «árvore alta», mas, ao contrário, quer elevar a «árvore baixa».
Este é o «jogo» preferido de Deus, se assim me posso expressar. Resta-me apenas esclarecer que a grandeza e a importância em termos evangélicos nunca são misuráveis segundo os critérios e metros humanos. E assim até o raminho mais insignificante é «levantado» por Deus de maneira invisível aos olhos do mundo. Ainda é, pois, a atitude mais prudente não confundir o jogo de Deus com as astúcias e os cálculos humanos.
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Reino encerrado numa semente
A parábola da semente, na perspectiva de S. Marcos, está de tal maneira construída (grão que cresce por si próprio, de modo espontâneo, grão que germina sem que ninguém tenha influência nisso, terra que dá o seu fruto, a necessidade de o agricultor ser paciente) que se chega ao fim e não se sabe, afinal, que tema escolher como principal.
Bem, é a nossa mania de queremos sempre interpretar todas as palavras e frases da parábola, atribuindo-lhes um sentido bem determinado. É óbvio que, em termos genéricos, a parábola fala do mistério do Reino. É isso que deve ocupar a nossa atenção em primeiro lugar. Agora, discutir a que fase do Reino a parábola se quer referir - se aos seus inícios se ao seu desenvolvimento no meio da sociedade - ou se inclusivamente à chave de leitura e à tensão escatológica, é arriscar-se a ficar na periferia.
É preciosa neste sentido (louvada até pelo grande estudioso e escriturista Lagrange) a exegese que dela faz Loisy: «À semelhança do camponês, Jesus semeia o Reino, pregando o Evangelho. Não lhe toca a Ele proceder à colheita. Ou seja, o advento completo do Reino não é assunto que lhe diga directamente respeito. De resto, não se deve perder a paciência se este acontecimento não se produz imediatamente. Isso é "negócio" de Deus, como o é também o desenvolvimento actual e misterioso desse mesmo Reino, que é obra e segredo seu».
Neste sentido, a parábola pode ter sido contada como resposta imediata à impaciência dos «zelotas» (é uma hipótese que também alguns zelotas se tenham convertido à nova doutrina!), que queriam passar imediatamente à acção a fim de instaurar um novo sistema político, e que gostariam de obter e forçar um sucesso mais evidente ou talvez até estrepitoso... E é também um convite à calma e interioridade para a gente de todos os tempos sempre ávida de acontecimentos sensacionais e sobretudo que Deus opere com força e vigor para castigar os maus (são sempre os outros, claro!).
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Atenção ao barulho a mais
Ainda hoje, a fórmula que muitos defendem é a da «irrupção de Deus ou do Reino na história». Sabemos que isso não deu bons resultados no passado. Em certos livros, datados de há alguns anos atrás, encontram-se expressões destas em muitas das suas páginas. E a gente quase fica com a impressão que esses volumes ainda acabam por nos rebentar nas mãos tão cheios eles estão de focos explosivos, potenciadores de violência e intolerância.
Mas, a nível de realização concreta, quando Deus «irrompe» na ribalta da história para libertar, por exemplo, os hebreus da opressão egípcia, a verdade é que começa uma lenta e trabalhosa (e, de resto, nada triunfal) marcha através do deserto. Quando Jesus «irrompe» no meio dos homens, para iniciar uma nova fase da história, a verdade é que começamos por nos encontrar com um indefeso menino deitado numa manjedoura.
Neste contexto de pobreza e disponibilidade, o Evangelho sugere uma atitude radicalmente oposta: a da paciência. Se a realização definitiva do Reino não depende de mim (e não depende), então saberei ser paciente. Isso, no entanto, e como é claro, não justifica no cristão uma atitude de quietismo desempenhado. O cristão deve continuar a operar, mas com mentalidade nova, ou seja, consciente de que Deus age nele e através dele, mas sem estar sujeito ao tempo, que não é categoria em que Ele se enquadre, e muito menos aos desejos e caprichos do homem. Ou seja, o homem deve estar consciente de que é Deus quem chama, quando e como quer. O cristão sabe que Ele se serve de nós, duma maneira que nos é desconhecida, para fazer o bem não importa a quem. A verdadeira pobreza é esta: fazer tudo o que está ao nosso alcance sem nos atribuirmos a nós mesmos absolutamente nada; operar com todas as nossas forças, sem, no entanto, pretender sermos também nós a fazer a colheita.
APLICAÇÃO À VIDA
XI DOMINGO COMUM – B
Marcos, com as duas pequenas parábolas, quer exprimir a certeza absoluta do advento do Reino de Deus, não obstante as aparências «insignificantes» e independentemente da correspondência imediata do homem. O gesto de semear faz compreender ao leitor do evangelista, que chegou o tempo da intervenção de Deus através das palavras e da obra de Jesus. Mais, às pessoas que ouvem essa Palavra pode corresponder também, eventualmente, a tarefa de colaborar na ação de semear. Mas essa tarefa, com muita frequência, não vai além disso, porque, quanto ao resto (sobretudo quanto à colheita), deve pôr-se de parte todo o tipo de impaciência e pretensão.
Ou seja, os prazos e as circunstâncias de crescimento do Reino não dependem dos semeadores humanos. O Reino de Deus impõe-se espontaneamente, mas com o seu ritmo próprio, embora possa parecer que não. E isto tanto aconteceu ontem como acontece hoje. No princípio, quando a Igreja, era perseguida e, no entanto, sabia ver no «sangue dos mártires semente de novos cristãos»; hoje, quando os indiferentes e os adversários têm a pretensão de declarar superada a Palavra de Jesus, chegando ciclicamente a negar que essa Palavra tenha algum alcance que não seja simplesmente o humano. Eles pretendem oferecer um modelo de vida «como se Deus não existisse».
A esse propósito, é bom nunca esquecer que a implantação do Reino de Deus, como aconteceu no tempo de Jesus e dos Apóstolos, tem inícios bastante modestos e humildes, irrelevantes mesmo, aos olhos do mundo. Essa implantação segue um processo que por vezes se revela moroso. Hoje, por vezes, defende-se a opinião de que a Igreja deve fazer-se respeitar e entrar em concorrência com os vários poderes. Ainda se ouve dizer que o que «eles» têm é medo da «nossa» influência.
Pois bem, dá-me a impressão que a parábola evangélica de hoje, no fundo, não perfilha muito esse ponto de vista. Grandiosidade, número, eficiência, influência, nos mais diversos campos; prestígio, obras imponentes, ocupação de postos-chave e privilégios, alianças estratégicas, uma história às vezes contada em tons triunfalistas...nem sempre são a garantia de que a diagnose em relação à Igreja seja exata e positiva. Não é necessariamente nessas circunstâncias que ela cresce e se desenvolve. Nesta perspetiva, de alguma forma, a liturgia deste domingo constitui uma «provocação». Com efeito, temos que recuperar valores autênticos, na pequenez, na obscuridade, na fraqueza, na pobreza, na falta de proteções e de «cunhas». Ocorre convencermo-nos que Deus escolhe as realidades mais humildes para realizar desígnios de grandeza. Mas é, segundo o profeta, uma operação que deve ser atribuída exclusivamente a Ele.
A grandeza e a importância em termos evangélicos não são mensuráveis segundo critérios e metros humanos. E assim é também com a parábola da semente. Na perspetiva de Marcos, está de tal maneira construída (grão que cresce por si próprio, de modo espontâneo, grão que germina sem que ninguém tenha influência nisso, terra que dá o seu fruto, a necessidade de o agricultor ser paciente) que não admite desejos de grandeza.
Em termos genéricos, a parábola fala do mistério do Reino. É isso que deve ocupar a nossa atenção em primeiro lugar. É preciosa neste sentido (e é louvada até pelo grande estudioso e escriturista Lagrange) a explicação que dela faz Loisy: «À semelhança do camponês, Jesus semeia o Reino, pregando o Evangelho. Não lhe toca a Ele proceder à colheita. Ou seja, o advento completo do Reino não é assunto que lhe diga diretamente respeito. E, de resto, não se deve perder a paciência se este evento não se produz imediatamente. Isso é "negócio" de Deus, como o é também o desenvolvimento atual e misterioso desse mesmo Reino, que é obra e segredo seu».
Neste sentido, a parábola pode ter sido contada como resposta imediata à impaciência dos «zelotes» que queriam passar imediatamente à ação a fim de instaurar um novo sistema político, e que gostariam de obter e forçar um sucesso mais evidente ou talvez até estrepitoso... E é também um convite à calma e interioridade para a gente de todos os tempos, sempre ávida de acontecimentos sensacionais; e que Deus opere com força e vigor para castigar os maus (são sempre os outros, claro!).
Pe. Américo