XIII DOMINGO COMUM - A

Temas

de 

fundo

1ª leitura (2Re 4,8-11.14-16a):  Um dia, (o profeta) Eliseu passou por Sunam (Chuném). Aí vivia uma mulher rica que insistiu que fosse comer a sua casa. Então, a partir dessa altura, sempre que por ali passava, ia lá comer. Um dia, ela disse ao marido: «Tenho a certeza de que este homem, que passa com frequência por nossa casa, é um santo homem de Deus. Preparemos-lhe no terraço um pequeno quarto, com uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada, de modo que ali se possa recolher quando vier a nossa casa». Um dia, quando Eliseu se recolhia ao quarto para dormir, perguntou ao criado Guiesi: «O que é que se pode fazer por ela?». Respondeu-lhe Guiezi: «Ela não tem filhos e o seu marido é idoso». Disse Eliseu: «Chama-a». Guiezi chamou-a e ela apareceu à porta. Então Eliseu disse-lhe: «Por este tempo, no próximo ano, terás um filho nos braços».

* Este é um homem de Deus, um santo. 

  O profeta Eliseu tem muita importância na historiografia monárquica de Israel, logo a seguir a Samuel e a Elias. A sua personalidade devia ser tão incisiva que até pessoas que aparentemente nada tinham a ver com a realeza, como era o caso da sunamita desta leitura, ficavam impressionadas com ele. É certo que, nesta passagem e no resto que se lhe segue, se nota uma certa preocupação em pôr em relevo as capacidades «milagrosas» de Eliseu, mas a verdade é que, neste caso, nos devemos ater ao facto de que a figura do profeta é secundária em relação Àquele que realmente faz os milagres, que é o próprio Deus. Há também um outro aspeto que relaciona, de alguma forma, esta leitura ao texto evangélico. O motivo por que essa senhora rica recebe o profeta Eliseu tem a ver com o facto de ele ser um homem de Deus. É exatamente por isso que ela é «compensada» não pelo profeta, mas sim por de Deus. É que, na verdade, o dom da vida - e o seguimento desta leitura continua a falar do mesmo assunto - é algo que só Deus pode conceder. Eu penso que o exemplo desta senhora nos é proposto porque tudo na sua atitude demonstra uma contínua profissão de fé; caso contrário, muito provavelmente o episódio, por mais interessante que seja, não era suficiente para ser proposto à nossa consideração.

PARA ULTERIOR APROFUNDAMENTO, VEJA EM BAIXO.

2ª leitura (Rm 6,3-4.8-11):  Certamente sabeis que, quando fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados pela (eficácia da) sua morte. Pelo Batismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos para a glória do Pai, assim também nós caminhemos numa vida nova. Mas, uma vez que somos um com Cristo pela sua morte, acreditamos que também com Ele viveremos. Sabemos que Cristo ressuscitado dos mortos já não morre mais, porque a morte não tem mais poder sobre ele. Na morte que teve, morreu pelo pecado de uma vez para sempre. E agora, na vida que tem, vive para Deus. Assim vós também deveis considerar-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus.

   * Pelo batismo, somos sepultados em Cristo. 

   A noção de batismo proposta por S. Paulo neste contexto só pode ter a ver com uma nova maneira de ser, ou melhor dizendo, com uma nova vida. É também essa a ideia que ele pretende transmitir quando fala de homem velho e homem novo. De resto, é evidente para quem esteja com um pouco de atenção e seja minimamente inteligente que a vida a que S. Paulo se refere não é a vida física sujeita ao tempo e ao espaço, a que estamos habituados. O homem velho ou novo não tem nada a ver com a idade cronológica. Por vezes, a linguagem de Paulo torna-se-nos complicada exatamente porque não partimos da mesma premissa que ele. E, na verdade, enquanto não formos capazes de ultrapassar o conteúdo daquilo que constitui a vida ou a morte física, não conseguiremos entrar no «mundo de Paulo». Mas, seguindo a sua maneira de pensar e raciocinar, então podemos afirmar que, ao sujeitar-se à morte, Cristo quis ultrapassar a noção limitada de vida, para nos indicar que, para além desta, há outro tipo de vida substancialmente diferente, na medida em que não está sujeita nem ao tempo nem ao espaço e é uma vida em que não subsiste nada do que é negativo; mais, é uma vida «sem limitações», digamos assim, uma vida que nunca mais tem fim. E, no fundo, se pensarmos bem, lutar e «esfarrapar-se» por uma vida que nos deixa o gosto amargo da desilusão e da finitude, não é a resposta mais adequada aos anseios de infinito e vida sem fim que moram no nosso coração. E então a proposta que Paulo faz é de assumirmos morrer associados à vida e à morte de Cristo para termos a certeza de que alcançaremos a vida que o próprio Cristo alcançou ao ressuscitar e levar de vencida a morte.

PARA ULTERIOR APROFUNDAMENTO, VEJA EM BAIXO.

Evangelho (Mt 10,37-42):  Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz para me seguir, não é digno de mim. Quem ganha a vida para si próprio, perde-a; mas quem perde a sua vida por causa de mim, salva-a. Quem vos acolhe, acolhe-me a mim. E quem me acolhe a mim, acolhe aquele que me enviou. Quem acolhe um profeta por ser profeta, recebe a recompensa de profeta. E quem acolhe um justo por ser justo, receberá a recompensa de justo. E quem der de beber a um destes pequenos, mesmo que seja apenas um copo de água fresca, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.

 * Quem não toma a sua cruz não é digno de mim. 

   Ao ler as palavras deste trecho evangélico, podemos ser tentados a afirmar que Jesus exagera e que não segue as regras do bom senso. Como que ficamos com a impressão de que Ele está a colocar a fasquia demasiado alta. A tentação, por vezes, é atenuar estas palavras. Mas não nos é permitido modificar nada dessas palavras. A ideia que elas transmitem é clara: sim, Jesus propõe-se, sem margem para dúvidas, como o bem supremo, ao qual é preciso sacrificar tudo, incluindo todos os afetos familiares e, mais ainda, até a própria vida. Tudo isso, apesar de bom, pode constituir um obstáculo ao seguimento de Cristo. Nessa circunstância de conflito, então aquele que quer ser realmente cristão, não tem outra opção senão escolher a Cristo. São palavras duras? São, mas são evangélicas. Sim, ao ler esta passagem, pode-se ser tentado a passar ao lado, mas estamos a fazer mal, porque Jesus Cristo quer dizer isso mesmo: tudo tem que ser sacrificado por amor dele. É claro que, com isso, Ele não pretende desvalorizar os afetos familiares e o amor à própria vida (esses mandamentos continuam a ser válidos), mas é por demais evidente que Ele está acima de tudo. Isso é uma indicação óbvia de que Ele se propõe como alguém diferente de todos os outros, sendo que a conclusão que se pode tirar é que Ele se equipara ao próprio Deus, porque só Deus se pode propor como critério supremo das escolhas do homem. Se não arriscamos tudo, até a própria vida, por Jesus Cristo - é essa a ideia do trecho evangélico - que corremos o perigo de perder a Vida que importa. Mas - há que dizê-lo - porquê ter medo de arriscar a vida em Jesus, se Ele próprio nos dá a garantia que nada do que se fizer em nome dele ficará sem recompensa?

PARA ULTERIOR APROFUNDAMENTO, VEJA EM BAIXO.

 * Este é um homem de Deus, um santo.

 

 * Pelo baptismo,     somos sepultados    em Cristo.

 

*   Quem não toma a  sua cruz e me segue não é digno de mim.

DEUS

NUNCA

SE DEIXA

VENCER

EM

GENEROSIDADE.

     * Seguir Jesus não é brincadeira

     A liturgia da palavra deste domingo contém dois temas distintos que me parecem complementares. Por um lado, são descritas as condições para seguir a Jesus: a liberdade interior, a cruz e a disponibilidade total. Por outro lado, o tema do acolhimento e da hospitalidade insere-se no tema mais geral das condições para o ingresso no Reino do Pai. De resto, dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os enfermos e os prisioneiros, requer uma disponibilidade que é fruto do desapego interior. Seguir Jesus é vê-lo nos últimos, naqueles que não têm possibilidade de contracambiar e nem sequer de agradecer.    

     Como é evidente, tudo no texto evangélico de hoje parece ir contra a maneira humana de reagir. Como foi também evidenciado no comentário do domingo anterior, esse tipo de atitude e procedimento é objeto de perseguição por parte daqueles que, de alguma forma, se veem ameaçados nos seus privilégios. Nessa linha, o seguimento de Jesus será sempre uma fonte de problemas e de sofrimento. E, portanto, aqueles que se dispuserem a seguir a Cristo, sabem que o que os espera não é fácil. Sendo assim, aqueles para quem seguir a Jesus seja uma coisa fácil, seja uma brincadeira, devem começar a desconfiar se realmente serão cristãos.

     * Dialéctica entre o «sim» e o «não»

     Na base da existência cristã, há, digamos assim, uma tensão dialética entre o «sim» às exigências da vocação de pessoas que se dizem cristãs, entre o apelo incessante e inequívoco do Espírito, e o «não» das seduções do mundo, da preguiça e do egoísmo. Seja dito de passagem que, na realização prática, não é fácil traçar uma linha divisória clara entre aquilo que são as exigências evangélicas e as vozes do mundo. E, de facto, há casos em que não se sabe ao certo qual é o apelo que vem do espírito e o apelo que vem da «carne». Ora, tudo isso representa cruz e sofrimento.    

     Tomar a cruz, fazer dolorosas renúncias, perder a própria vida, são expressões evangélicas sinónimas de morte para o pecado e abertura aos apelos da graça. O cristianismo não é, pois, sinónimo de facilidade nem de fuga do sofrimento. O esplendor da manhã da Ressurreição é sempre precedido pelas trevas da Sexta-Feira Santa. Para seguir a Jesus, é necessário passar pela porta estreita da dor e do abandono. Mas é só percorrendo esta via que se chega à vida.

      * Seguir o Senhor é aceitar os outros

     Acolher com generosidade os outros (quer sejam os apóstolos, quer sejam os pobres e os pequenos) é sinal de fidelidade ao mandamento novo do amor fraterno sem fronteiras. Não é só acolhimento (como, de resto, temos a tendência a fazer) do companheiro, do familiar ou do amigo, mas é também o acolhimento do estranho que pode causar dificuldades, daquele que vem de longe, do pobre, daquele que não pode pagar.    

    É, pois, um acolhimento que convida à renúncia, à disponibilidade, à gratuitidade, porque se vê nessas pessoas o grande Peregrino que não tinha sequer uma pedra onde reclinar a cabeça (cf. Mt 8,20). No que tem fome, no que tem sede, no que morre por falta dos alimentos necessários, no peregrino e no estranho e no estrangeiro, nos que nada têm para se cobrir e não têm onde morar (ou onde cair mortos), no prisioneiro e em todos os que sofrem física ou moralmente... é Jesus que bate à porta do cristão e pede hospitalidade (cf. Mt 25, 35ss).

     * Acolhimento como empatia

     Mas as modalidades do acolhimento não se reduzem a essas situações de extrema miséria e carência. Manifestam-se também em outras situações: na atenção ao outro (sobretudo quando não temos nenhuma vontade disso), na capacidade de diálogo (significa também aceitar ser objeto de contradição, começando por deixar falar também os outros), no esforço de compreensão das razões dos outros (tenham elas ou não peso lógico).    

     No fundo, é uma atitude, uma disponibilidade, afinal de contas, um amor, que sabe acolher sem espírito hipercrítico, sem desconfianças e preconceitos de base, mesmo quando se notam aspectos limitativos e até de má vontade por parte de quem «está diante de nós». Acolher com simpatia é ser capaz de não «apagar o Espírito», que se manifesta e vive em certos movimentos eclesiais, que anima grupos e instituições cujos métodos e opções talvez não partilhemos; é ser capaz de respeitar e confiar mais na pessoa que nas organizações, instituições ou movimentos, sejam elas quais forem.

    * A medida do nosso cristianismo

    Para os antigos, a hospitalidade era sagrada. E, como regra, ainda o é hoje para vários povos, sobretudo os pobres, onde o hóspede é recebido e respeitado com espontaneidade e humanidade. E, a propósito, devo acrescentar que é um facto comprovado pela experiência que os pobres repartem com mais facilidade o pouco que têm com quem tem menos que eles.   

     Ao contrário, especialmente nos países ricos e opulentos, o estrangeiro (e os tempos de hoje são férteis em constatações destas) é considerado um intruso, um inimigo a combater e a eliminar. Mais: podemos dizer que, quando a hospitalidade ainda se pratica nesses países, é condicionada ao interesse. Tornou-se uma indústria, uma fonte de receita.   

     Dito doutra maneira, não se aceitam de bom grado senão os que vêm como turistas. E, como se sabe, o turista é recebido porque traz dinheiro e riqueza. E, quando se «suporta» o intruso ou o imigrante ilegal, é por motivos que, afinal, se resumem todos à exploração de uma mão de obra mais barata. Os exemplos multiplicam-se a todo o instante. Não é caso para entrar na polémica política que radicaliza as discussões sobre o problema da imigração, mas é necessário que fique claro que os princípios de solidariedade e de ajuda a quem realmente precisa são sempre válidos.   

     É isso mesmo! Também os trabalhadores estrangeiros e os migrantes de outras zonas da mesma nação encontram um lugar na nossa sociedade, sobretudo enquanto fornecem, em condições económicas mais vantajosas, a mão-de-obra que é necessária. Mas, não será que, mais do que «acolhidos», são «suportados» como um mal menor? Em muitos caos, vivem em «guetos» e em situações infra-humanas, sujeitando-se a condições de trabalho injustas. Pois bem, o cristão não se pode esquecer do citado capítulo 25 de S. Mateus. Aí temos a medida do nosso cristianismo.

    * Renunciar a nós próprios

    A hospitalidade e o acolhimento, sem esper interesses escondidos e sem segundas intenções, devem ser um dos sinais que contradistinguem o cristão. De qualquer forma, falhar neste campo essencial deve ser motivo de um sério exame de consciência. O sentido do acolhimento (material e moral) é um dos sinais mais seguros para medir a real fidelidade ao Evangelho por parte das nossas comunidades cristãs e também dos indivíduos.    

     As manifestações de xenofobia, os gestos de intolerância e as reacções violentas contra os estrangeiros - e, claro, também contra os que fazem parte do nosso mundo quotidiano - revelam o rosto anti-cristão e anti-evangélico de comunidades só aparentemente cristãs e praticantes. Tudo isso está em contradição com aquilo que deveria ser a nossa própria maneira de ser e de sentir. Por isso, Jesus não duvida mesmo em usar uma linguagem dura para nos convencer de que os critérios da actuação dos cristãos devem ser traçados não segundo a nossa, mas sim segundo a mentalidade dele. Só os seus critérios são critérios de salvação e de promoção para nós e para os outros.

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SOLENIDADE DOS APÓSTOLOS S. PEDRO E S. PAULO

Leituras:    Vigília           Act 3,1-10

                                          Gl 1,11-20

                                          Jo 21,15-19

                Missa do dia      Act 12,1-11

                                          2Tm 4,6-8.17-18

                                          Mt 16,13-19

   «A festa hodierna é antiquíssima: foi inserida no Santoral romano muito antes da do Natal. No século IV, celebravam-se já três missas: uma em S. Pedro, no Vaticano; outra em S. Paulo extra-muros, e a terceira nas Catacumbas de S. Sebastião, onde provavelmente terão sido escondidos os corpos dos dois apóstolos durante um certo período de tempo».

S. Pedro

   «Simão era um pescador de Betsaida (cf. Lc 5,3; Jo 1,14) que se tinha estabelecido mais tarde em Cafarnaum (cf. Mc 1,21.29). Foi o irmão André que o convidou a seguir a Jesus (cf. Jo 1,42). Mas Simão certamente terá sido preparado para este encontro por João Baptista. Cristo muda-lhe o nome e chama-lhe «Pedra» (cf. Mt 16 ,17-19; Jo 21,15-17), para consubstanciar na sua pessoa o tema da pedra fundamental. Simão Pedro é uma das primeiras testemunhas que vê o túmulo vazio (cf. Jo 20,6) e tem uma aparição especial de Jesus ressuscitado (cf. Lc 24,34)».

   «Depois da ascensão, Pedro assume logo a direcção da comunidade cristã (cf. Act 1,15; 15,7), enuncia o esquema da Boa Nova (cf. Act 2,14-41) e é o primeiro a tomar consciência da necessidade de abrir a Igreja aos pagãos (cf. Act, cc 10-11). Esta missão espiritual, porém, não o isenta da sua condição humana nem das deficiências do seu temperamento (cf. Mt 10,41; 14,29.66-72; Jo 13,6; 18,10; Mt 14,29-31). Por sua vez, Paulo não se exime em o criticar e  contradizer na famosa discussão de Antioquia (cf. Act 15; Gl 2,11-14), convidando-o a livrar-se das práticas hebraicas. Com efeito, parece que, sob este ponto de vista, Pedro tenha levado algum tempo a abrir o espírito e que fosse levado a considerar os cristãos de origem pagã como uma comunidade inferior à dos cristãos de origem hebraica (cf. Act 6,1-2). Quando Pedro chega a Roma, torna-se o apóstolo de todos. É então que cumpre plenamente a sua missão de "pedra angular", reunindo em um só "edifício" os judeus e os pagãos e corroborando esta missão com o derramamento do seu sangue».

S. Paulo

   «Paulo, depois da sua conversão na estrada de Damasco, percorre, em quatro ou cinco viagens, o Mediterrâneo. Faz a primeira viagem em companhia de Barnabé (cf. Act 13-14). Partem de Antioquia, fazem uma paragem na Ilha de Chipre e depois percorrem a actual Turquia. Depois do convenho dos apóstolos em Jerusalém, Paulo inicia uma segunda viagem, desta vez expressamente como "enviado dos Doze" (cf. Act 13,16-18,22). Volta a atravessar a Turquia, evangeliza a Frígia e a Galácia, onde adoece (cf. Gl 4,13). Passa depois à Europa juntamente com Lucas e funda a comunidade de Filipos (Grécia setentrional). Depois de um período de detenção, evangeliza a Grécia: em Atenas, a sua missão encalha perante as teorias dos filósofos; em Corinto, funda a comunidade que lhe causa mais problemas. Depois disso, regressa a Antioquia».

   «Uma terceira viagem (cf. Act 18,23-21,17) vê-o de volta às Igrejas fundadas na actual Turquia, especialmente Éfeso e, depois, na Grécia e Corinto. De passagem por Mileto, anuncia aos anciãos as suas próximas provas. Com efeito, pouco depois do seu regresso a Jerusalém, é aprisionado pelos hebreus e metido na prisão (cf. Act 21). Sendo, porém, cidadão romano, Paulo apela a Roma».

   «Inicia assim uma quarta viagem em direcção a Roma, mas não já em estado de liberdade (cf. Act 21-26). Chega a Roma por volta do ano 60 ou 61, sendo detido na prisão até ao ano de 63. Entretanto, aproveitando algumas facilidades, entra em contacto frequente com os cristãos da cidade e escreve as chamadas "epístolas da prisão". Libertado da prisão em 63, com alguma probabilidade, faz a sua última viagem a Espanha (cf. Rm 15,24-28) ou às comunidades a cargo de Timóteo e Tito, aos quais escreve Cartas que deixam entrever o seu próximo fim. Feito de novo prisioneiro, Paulo sofre o martírio por volta do ano 67».

Pedro e Paulo

   «Pedro e Paulo: dois nomes que, ao longo dos séculos, personificaram a Igreja inteira na sua ininterrupta Tradição. Aos dois primeiros mestres da fé chegou-se até a "confessar" os pecados no Confiteor (da missa), reconhecendo justamente neles a Igreja histórica. Também para os orientais os dois "irmãos" são sinónimo de todo o colégio apostólico, como pedras fundamentais da fé».

   «Ainda hoje, o Papa invoca a autoridade dos santos apóstolos Pedro e Paulo quando, nos seus actos oficiais, pretende referir a Tradição à sua fonte: a Palavra de Deus. Só da escuta dessa Palavra no Espírito, a Igreja pode "tornar-se perfeita no amor em união com o Papa, com os Bispos e toda a ordem sacerdotal"» (traduzido de Messale dell'Assemblea Cristiana).