Temas de fundo |
1ª leitura (Br 5,1-9): Jerusalém, abandona as vestes de luto e aflição e veste, para sempre, os adornos da glória de Deus. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus e põe na cabeça o diadema da glória do Eterno. Deus vai mostrar o teu esplendor a todos os que vivem debaixo do céu. O nome que Deus te dará para sempre é «Paz da Justiça» e «Glória da Piedade». Levanta-te, Jerusalém, põe-te no alto e olha para Oriente! Contempla como os teus filhos são reunidos pela voz do Santo desde o nascente até ao poente. Por isso, invocam a Deus alegremente. Quando partiram, iam a pé, levados pelos inimigos. Mas Deus fá-los voltar para ti em triunfo, como em cortejo real. Deus mandou aplanar todos os altos montes e as colinas elevadas e encher os vales até a terra ficar plana, a fim de que Israel caminhe em segurança, guiado pela glória de Deus. Os bosques e todas as árvores aromáticas darão sombra a Israel por ordem do Senhor. Mais ainda, o próprio Deus conduzirá Israel, com alegria, à luz da sua majestade, com a justiça e a misericórdia que procedem dele.
* O próprio Deus conduz Israel. Logo a seguir ao Livro das Lamentações e antes do profeta Ezequiel, vem o pequeno livro de Baruc - também nome do profeta do exílio, que terá sido «secretário» de Jeremias (cf., por exemplo, Jr 36,4-32). Após uma espécie de confissão dos pecados e duma súplica de libertação, Baruc, na 3ª secção (4,5 -5,9), de que faz parte esta leitura, tudo faz para incutir a esperança do regresso à pátria aos ânimos e aos corações abatidos dos exilados da Babilónia. De alguma forma, pode-se dizer que o Baruc vem lembrar aos seus concidadãos que Deus está de novo presente, de forma «palpável», no meio do povo, e oferece-lhe a sua paz. Depois de anos de sofrimento, Deus manifesta-se de novo para libertar o povo da escravidão. Porém, no caso presente, a escolha desta leitura teve como finalidade uma referência mais englobante à libertação total que Deus quer. As intervenções de Deus no campo político ou social nunca se esgotam nessa dimensão, pois Ele quer que o homem descubra que só Deus deve ser a razão última de ser dos anseios da pessoa humana. E essa é que é a verdadeira alegria à qual é necessário aspirar.
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2ª leitura (Fl 1,4-6.8-11): Eu dou graças ao meu Deus sempre que penso em vós. E todos os dias rezo por vós. Rezo com alegria por causa da forma como me ajudastes no anúncio do Evangelho desde o primeiro dia até agora. E tenho a certeza de que Deus, que começou esta boa obra em vós, a continuará até ao fim, até ao Dia de Jesus Cristo. Deus é minha testemunha de que digo a verdade quando confesso que os meus mais profundos sentimentos por vós provêm do coração do próprio Jesus Cristo. Por isso, peço para que o vosso amor continue a crescer cada vez mais em verdadeira sabedoria e discernimento perfeito, de maneira que estejais em condições de escolher o que é melhor. Então sereis livres de toda a impureza e não sereis condenados no Dia de Jesus Cristo. A vossa vida adornar-se-á com as boas virtudes que só Jesus Cristo pode dar, para glória e louvor de Deus.
* Sede íntegros e escolhei o que é melhor. Nesta leitura, S. Paulo dá graças a Deus pela forma como os Filipenses contribuíram para o «sucesso» do Evangelho, não só através do auxílio que prestaram em termos pecuniários (cf. 4,14-18), mas também pelo que sofreram pelo Evangelho, como o próprio apóstolo diz no fim do capítulo em exame (cf. Fl 1,29-30). Embora do texto não se possa saber exactamente em que é que consistiram os sofrimentos a que os Filipenses foram sujeitos, é óbvio, porém, que o testemunho deles favorece a verdade da pregação feita por Paulo. É verdade que a conversão é obra de Deus, mas isso não significa que não seja útil e necessária a cooperação humana. Em todo o caso, neste aspecto, é conveniente que os cristãos de Filipos saibam que, mais importante do que a «azáfama», são os sentimentos de amor, a sabedoria e o discernimento, pois sem isso não é possível levar as pessoas a Deus.
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Evangelho (Lc 3,1-6): No ano décimo quinto do reinado do imperador de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, Filipe, seu irmão, tetrarca da Itureia e da Traconítide, e Lisânias tetrarca de Abilena, sob os sumos-sacerdotes Anás e Caifás, a palavra de Deus desceu sobre João, filho de Zacarias, no deserto. Ele percorreu toda a região do Jordão pregando um baptismo de conversão para a remissão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: «Voz daquele que grita no deserto: Preparai os caminhos do Senhor e endireitai as suas veredas. Toda a ravina seja coberta e todo o monte e colina sejam abaixados; os caminhos tortuosos sejam endireitados e os lugares escarpados sejam nivelados. E todos os homens verão a salvação de Deus».
* João pregou um baptismo de conversão. Este trecho do evangelista Lucas tem em comum com os trechos correspondentes de Mateus e Marcos (anos A e B) o facto de João Baptista pregar um baptismo de conversão para a remissão dos pecados. Mas há algo de especial que nos é sugerido pelas referências que Lucas faz à «história universal» (no contexto e segundo os conhecimentos que havia na sua época). Ora, isso, em termos simples, está a querer indicar que a ação salvífica de Deus se reveste, digamos assim, duma dimensão universal. E, para que não haja dúvidas a este respeito, o evangelista cita, para além de outras passagens de Isaías (cf. Is 40,3-5), uma frase que é a tradução direta desse universalismo: «Todos os homens verão a salvação de Deus». O mesmo evangelista, na sua segunda obra - que leva o título de Atos dos Apóstolos - dedicará ao longo dos vários capítulos e episódios de que se compõe o livro a «demonstrar» precisamente a ideia de que a salvação se destina a todos os que estiverem abertos à nova mensagem.
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* A paz da justiça e a glória da piedade. * Descobrir os verdadeiros valores. * Preparai os caminhos do Senhor. |
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DEUS DEU-NOS O SEU FILHO |
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Advento é deixar entrar Jesus
«Deus amou de tal maneira o mundo que lhe entregou o seu próprio Filho» (Jo 3,16). Em resumo, no fundo, é esta a boa-nova e a verdade essencial deste período litúrgico de preparação para o Natal e, como é óbvio, desta data propriamente dita . A revelação definitiva começa por este facto inaudito: Deus faz-se um de nós para que assim, para nós, seja mais fácil aceitá-lo na nossa vida. Tudo começa, pois, pelo gesto inaudito daquilo que se designa tecnicamente por Encarnação.
É evidente então que tudo deriva do amor que Deus nutre pelo homem, apesar de este ter a possibilidade de se recusar a corresponder-lhe. Isso vai «custar caro» a Deus, passe a expressão, mas o seu amor é incondicional. De resto, o amor autêntico, sem excluir até o amor humano, é sempre, de alguma forma, incondicional. Mas o amor não se reduz a um sentimentezinho ou a um calor do coração. Também será isso, mas não é só isso. O amor não acaba automaticamente com as dificuldades e mesmo com os conflitos; no entanto, é a condição para os resolver com verdade, sem ferir susceptibilidades.
Ora bem, a comunidade cristã poderá ser sinal de esperança para o mundo na medida em que souber enfrentar os problemas e resolvê-los, deixando de parte as discussões azedas e fúteis, as competições individualísticas estúpidas, as rivalidades mesquinhas e as polémicas inúteis. Na realidade, o mais importante não é sermos «melhores» ou superiores (cf. Fl 2,3) aos outros, mais fiéis, mais ortodoxos, mais inteligentes. Se fosse eu a dizê-lo, até poderia parecer uma pretensão demasiado descabida, mas é Paulo que o diz e o explica ao escrever aos cristãos de Corinto (cf. 1Cor 13,4-7). O critério de aferição da nossa «importância» não são propriamente as nossas qualificações, mas sim a intensidade do amor que pomos naquilo que fazemos. No fundo e em resumo, mais do que o resto, o que importa é crescer na caridade.
A melhor preparação para a celebração das festas que se aproximam é, pois, deixar que Jesus tome conta da nossa vida, de maneira que já não sejamos nós que vivemos, mas que seja Ele que vive em nós (cf. Gl 2,20). Também isso é desinstalação purificadora.
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A salvação é para todos
Esta frase em subtítulo resume uma ideia contida em Isaías (cf. 40,5), mas é adoptada pelo evangelista Lucas para sublinhar o facto de que a vinda de Cristo é para todas as nações e, por conseguinte, não é exclusiva dos judeus. É certo que nem todos se salvam, pois a salvação pode ser recusada, mas não é menos verdade que todos se podem salvar. Deus é o dom - o único dom - da salvação e esta é uma realidade que não está fechada a ninguém. É Deus a «personagem» mais importante da história, pois dele depende a salvação que realmente interessa.
Os grandes da terra, pelo menos segundo o que dizem as aparências, conduzem as rédeas da história. E disso estão teimosamente convencidos quase todos os responsáveis e os agentes dos meios de comunicação social que montam as suas peças à volta dos grandes e dos «famosos» deste mundo. Pois bem! Oxalá que, pelo menos em algum momento da nossa existência, «desconfiemos», por assim dizer, duma coisa tão simples como isto: que a história dos poderosos é uma história efémera. Os assírios, os babilónios, os persas, os gregos, os romanos (e outros), sobretudo no auge das suas conquistas, estavam convencidos de que o seu poder era um poder eterno. Pelos vistos, todos eles se enganaram. E, como eles, muitos outros. Não estarão todos os outros poderosos nas mesmas condições?
Daí que eu me atreva a dizer que a história decisiva é conduzida por Deus (pese embora a opinião daqueles que, sinceramente ou não, estão convencidos do contrário). Mas, claro, Deus conduz a história à sua maneira. Não queiramos impor-lhe critérios de como deve conduzir as coisas. A história de Deus não tem lugar em palácios ou parlamentos, mas tem lugar no próprio coração do homem. E, nesse foro, o verdadeiro protagonista é Aquele que, há dois domingos atrás, foi descrito como «Rei do Universo». O nome Jesus significa precisamente «o Senhor que salva», mas que salva o homem como homem em todas as suas dimensões: eis o motivo da nossa esperança.
A LIBERTAÇÃO ESTÁ
PRÓXIMA!
A Igreja vive a expectativa de Alguém que está a chegar. Espera que nasça um Menino. À celebração desse nascimento chamamos NATAL.
DEUS FALA
E REVELA-SE AO HOMEM
Ponhamo-nos a caminho
Deus interessa-se por nós
O outro nome de Deus
CELEBRAR O NATAL É ENCONTRAR-SE COM DEUS
FEITO HOMEM EM JESUS CRISTO.
«DEUS AMOU TANTO O MUNDO
QUE LHE ENTREGOU O SEU FILHO
UNIGÉNITO, A FIM DE QUE
TODO AQUELE QUE ACREDITA NELE,
NÃO SE PERCA, MAS TENHA A VIDA ETERNA». (Jo 3,16)
«A quantos O receberam,
Aos que nele acreditaram,
Deu-lhes o poder
De se tornarem filhos de Deus».
(Jo 1,12)