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Categoria: A história dum povo.
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  1. O FIM É PARA TODOS

 

O povo de Israel passou anos no deserto. Um dia, Moisés e o povo chegaram, de madrugada, a uma passagem estreita lá bem em cima das montanhas do deserto. Tentaram atravessá-la, mas aconteceu algo de estranho. Quando os primeiros chegaram, Moisés ouviu berros e vozearia. Quando finalmente o velho Moisés chegou também lá cima, viu o que os outros já tinham descoberto: lá em baixo, no vale, havia campos sem fim e um rio largo que serpenteava entre herdades abundantes e férteis. Havia árvores e campos plantados a perder de vista...

 

Todos adivinharam o que Moisés sabia: finalmente, tinham chegado à terra que Deus lhes tinha prometido. Moisés viu o que toda a sua vida tinha desejado ver. Tinha conduzido o povo para o país dos seus sonhos. Sentiu então que tinha feito tudo o que tinha que fazer. De alguma forma, sentiu que tinha cumprido a sua missão. Então, depois de descansar um pouco da subida para aquele morro, disse para os que o acompanhavam: «Deixem-me! Vou só até ali, atrás daquelas rochas». Notava-se emoção na sua voz. «Quero ficar um pouco com o nosso Deus».

 

Depois, mandando reunir todo o povo, Moisés disse: «Já estou muito velho. Já não posso continuar a ser vosso guia. Além disso, já chegámos aonde devíamos chegar. Deus há-de continuar a proteger-vos. Eu já pensei em quem irá substituir-me. Será Josué, que é valente e sensato. Vós ireis ir por essas terras e haveis de conquistar tudo à vossa frente. Sede fortes e valentes. Não vos deixeis amedrontar por ninguém. Deus estará convosco»! Então, Moisés chamou Josué e disse-lhe diante do povo: «Sê forte e valente. Tu é que vais entrar com este povo na terra que Deus jurou dar aos nossos antepassados. Tu é que a vais distribuir entre eles. O próprio Deus te há-de indicar o que deves fazer».

 

E todas estas coisas foram escritas para que o povo tivesse a noção exacta de que Josué era o continuador de Moisés. É que podia acontecer que o povo quisesse escolher para chefe, por exemplo, algum dos filhos do próprio Moisés. Entretanto, Josué acompanhou Moisés até à tenda principal e aí Deus manifestou-se-lhes assim: «Moisés, tu irás agora repousar com os teus pais. Infelizmente, este povo deixar-se-á corromper pelos deuses dos países bárbaros, esquecendo-se da promessa que fizeram ao pé do Monte Sinai. Mas estarei sempre com eles, aconteça o que acontecer. Eles julgarão que não. Seja como for, terão também que sofrer as consequências dos males que fizerem».

 

Moisés, logo a seguir, convocou novamente o povo e disse-lhe: «Prestai atenção! O que vos ensinei oralmente e o que vos deixo por escrito tem que dirigir todos os vossos passos. Chegou a hora de eu vos deixar. Sede fortes e corajosos. Sede responsáveis e bons uns para com os outros. Vivei de tal forma que os outros povos descubram que se pode ser feliz. Se assim for, então também eles hão-de seguir o nosso Deus. Caso contrário, irá acontecer que vós vos converteis aos deuses deles e então os problemas serão muito graves».

 

Moisés então voltou a subir um pouco mais lá para cima. E, como nunca mais voltava, foram ver o que tinha acontecido. Mas não o viram. Fizeram luto durante um mês inteiro, na esperança de que ainda voltasse como da primeira vez no Sinai. Mas nada; nunca encontraram qualquer vestígio de Moisés. E tanto é assim que ainda hoje não há nenhuma sepultura ou qualquer monumento a documentar a sua morte. Mas, se calhar, não é isso o que mais interessa. O que interessa é que o seu Deus o levou para gozar para sempre da Sua presença.

 

Entretanto, depois da morte de Moisés, quem tomou conta de Israel foi, de facto, Josué. Como, de resto, tinha sido a vontade do próprio Moisés. E, a partir desse momento, Deus passou a proteger dum modo especial o seu servo Josué. Josué foi um grande chefe e sobretudo um grande lutador. Daquele sítio, conduziu todo o povo e atravessou o Rio Jordão. E tudo quanto pisavam se tornava propriedade sua. Josué deu as seguintes ordens aos representantes do povo: «Percorrei o acampamento e proclamai ao povo o seguinte: “Preparai provisões, porque, daqui a três dias, vamos atravessar o Jordão e tomar posse da terra que o Senhor, nosso Deus, nos dará”».

 

E, depois de atravessarem o Jordão, construíram um monumento comemorativo. Depois, passaram por toda a espécie de peripécias, já que se viram obrigados a combater com quase todos os povos e reinos que habitavam naquelas regiões férteis. Felizmente para os israelitas, saíram vitoriosos de todas as batalhas que travaram...

 

Passaram-se muitos anos, entre batalhas e conquistas. Depois de terem submetido praticamente todos os reinos que viviam na Palestina naquele tempo, finalmente Josué descobriu que também a sua vida tinha chegado ao fim. E por isso decidiu que a questão da ocupação das terras devia ficar bem definida. E, então, olhando em retrospectiva para a história dos antepassados, pensou que não era nada má ideia distribuir aquelas terras todas segundo as famílias que tinham ido para o Egipto no tempo de José. Como se sabe, havia doze ramos principais de famílias em Israel, que correspondiam precisamente aos descendentes dos doze filhos de Jacob, que também se chamava Israel. Portanto, o país foi dividido em partes proporcionais pelas doze tribos de Israel.

 

Nos primeiros tempos, as coisas correram bem. Havia tranquilidade e paz em Israel e as coisas começaram a prosperar. De resto, tinha sido esse o desejo de Moisés. E fora também essa a maior preocupação de Josué. Mas Josué foi deixando os membros das várias tribos cada vez mais livres para lhes dar a possibilidade de se auto-organizar e fortalecer a unidade e a identidade do povo...

 

Quando Josué era já bastante velho, convocou os representantes das doze tribos de Israel e disse-lhes: «Eu já estou velho, como sabeis. Tivestes ocasião de ver tudo o que o Senhor fez por nós. Foi graças à sua protecção que nós pudemos estabelecer-nos e prosperar nesta terra. Agora, não vos esqueçais de observar tudo o que está escrito na Lei que Moisés nos deixou. Disso depende a vossa identidade. E, já agora, tende muito cuidado: não vos mistureis com os povos vizinhos; e sobretudo não invoqueis o nome dos seus deuses. Não lhes ofereçais sacrifícios nem façais outros actos de culto, porque isso levar-vos-á pouco a pouco a não saberdes quem realmente sois...».

 

E Josué continuou a falar aos representantes do povo de Israel no mesmo tom: «Permanecei unidos ao Senhor, nosso Deus, como tendes feito até agora. Se vos deixardes influenciar pelas nações que aqui encontrámos, bem depressa vos haveis de perder. Se não permanecerdes unidos pela Lei do Senhor, bem depressa os inimigos vos vão vencer»! Não muito tempo depois, Josué falecia e, a partir desse momento, os israelitas, já perfeitamente instalados na sua nova terra, começavam uma nova etapa da sua vida de povo. Os problemas não estavam todos resolvidos, como é natural, mas agora tinham as bases para se tornarem uma nação forte e bem distinta de qualquer outra nação.