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Categoria: A história dum povo.
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  1. SINAIS NA ESTRADA

Numa manhã, houve trovões e relâmpagos. Uma espessa nuvem cobria o monte. O som duma trombeta retiniu com fragor. A multidão que estava no acampamento tremia dos pés à cabeça. Todo o monte Sinai fumegava. Deus tinha descido no meio de chamas. Ninguém sabia ao certo o que aconteceu naquela montanha nesse dia. Mas Moisés compreendeu: «Eu, que sou um homem simples, um mortal como qualquer um de vós, consegui convencer Deus a continuar connosco, apesar de todas as nossas infidelidades». Moisés estava feliz por causa disso.

 

Moisés esteve lá em cima na montanha e teve uma experiência muito forte de Deus. Ele não compreendeu o que aconteceu. De qualquer forma, quando Deus se lhe manifestou, tudo lhe pareceu mais claro que o próprio dia. Tão claro que Moisés quase ia morrendo de susto. Mas foi uma experiência que não se pode exprimir. Ele próprio não foi capaz de descrever a sensação que teve ao estar lá em cima a falar com Deus. Quando desceu da montanha, vinha visivelmente transtornado. No bom sentido, claro! E começou por dizer: «Ninguém pode dizer: eu vi a Deus. Ninguém pode dizer como é Deus e quem é Deus exactamente». Só mais tarde, quando a manifestou acabou, é que Moisés descobriu que, afinal, quem lhe tinha falado tinha sido o próprio Deus.

 

Ao aproximar-se, o povo ficou preocupado e sobretudo muito atento quando Moisés começou a falar: «Reparai no que trouxe comigo. São duas tábuas de pedra. Nelas estão gravadas dez regras, dez ordens, dez mandamentos, que são importantes para a nossa vida. São dez regras que falam da forma como nos devemos comportar e viver. São um convite de Deus para vivermos como Ele quer. Ele disse-me que, se as cumprirmos, um dia podermos saber como Ele é e participar da sua própria maneira de ser e de viver. Deus confia em nós. Claro que não é nada fácil cumprir estas regras, mas o mais importante é compreendermos uma coisa: é que seremos felizes se caminharmos por esse caminho. Quem diz estas coisas é o próprio Deus»...

As dez regras que Deus deu ao povo de Israel por intermédio de Moisés são as seguintes:

 

  1. Eu sou o senhor, vosso Deus. Não há mais nenhum deus. Libertei-vos duma terra de escravos. Pois bem, não vos torneis escravos de outros deuses; nem procureis fazer estátuas, julgando que isso basta para vos salvardes...
  2. Não useis o meu nome como se fosse o nome duma pessoa qualquer. Sobretudo, não abuseis do meu nome quando falardes de coisas que nada têm a ver comigo. Não julgueis que podeis Ter uma opinião acerca de Mim, só porque usais o meu nome. Tende cuidado para que o meu nome não seja usado em vão...
  3. O que deveis fazer, isso sim, é escolher um dia da semana para me dedicar. Além de me prestardes culto, esse dia deve ser um dia livre. Nesse dia, não deveis trabalhar, mas deveis dar férias a todos os empregados ou subordinados.
  4. Tendes que honrar os vossos pais e ser bons para com eles. Se não fizerdes isso, estais pura e simplesmente a abandoná-los e isso é para mim uma ofensa, porque Eu sou Deus de todos e não só de alguns.
  5. E não só isso. Não podeis fazer mal a ninguém. Claro que já nem se fala de matar, porque ninguém pode tirar a vida a ninguém. Por nada deste mundo. Mas isso significa também que não podeis portar-vos como se os outros não existissem. Não façais da vida dos outros um autêntico inferno.
  6. Mas tendes que fazer mais e melhor. Tendes que ser fiéis às pessoas que amais. Isso significa querer-lhes bem em tudo, procurando, acima de tudo, o bem deles e não o vosso. Se Deus ama os homens, os homens também devem amar-se uns aos outros como deve ser. E, por isso, ninguém pode ter ninguém como seu escravo ou como coisas à sua disposição.
  7. Mais ainda. É preciso respeitar não só as pessoas, mas também o que é delas. Por isso, é proibido roubar. Não se deve meter no bolso o que é dos outros. As coisas que Eu criei criei-as para toda a gente e não só para alguns.
  8. Ora, isso supõe que todos devem ser sinceros uns com os outros. Só assim é possível respeitá-los. É, portanto, portanto, mentir uns aos outros. Não deveis, portanto, difamar ninguém. Se vós quereis que Deus mantenha a sua palavra, também vós tendes que manter a palavra uns aos outros.
  9. Não invejeis os outros, sobretudo os que estão bem e são felizes. E sobretudo não destruais a felicidade dos outros. Não se pode construir a própria felicidade roubando a felicidade dos outros.
  10. Não deveis sequer invejar os outros pelo que eles têm. Não se pode ter tudo o que os outros têm. Se ninguém se contenta com aquilo que tem, então a vida torna-se impossível e um inferno.

 

Quando Moisés acabou de explicar estas regras, disse ao povo: «O mais importante de tudo isto é o seguinte: Deus libertou-nos e isso é sinal de que quer estar connosco. Mas é preciso que também nós queiramos estar com Ele. Ora, isso significa também que nos devemos querer bem uns aos outros. Não se trata apenas de compreender estas coisas. Eu acho que todos compreendem o que acabei de dizer. A questão é que todos estejamos decididos a pôr estas coisas em prática. Porque, se não quisermos, então vão tudo por água abaixo».

 

O povo ainda tremia, mantendo-se à distância. Moisés acalmou-os dizendo: «Não vos assusteis. Tudo o que aconteceu foi só para vos pôr à prova. Que este temor que se apoderou de vós sirva para estar afastados do pecado». Depois, Moisés explicou-lhes tudo ainda durante mais alguns dias. E, no fim, o povo todo jurou ali mesmo solenemente: «Sim, queremos assumir todos este compromisso com o Senhor». Foi esta a primeira grande aliança entre Deus e os homens.